Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

John Heath-Stubbs - À Natividade

O poeta e tradutor inglês verte em linguagem poética o nascimento de Cristo, essa estrela que se dignou descer à terra para, em carne, experimentar as vicissitudes humanas, inclusive o desdém de muitos que o rejeitaram e à sua palavra – uma mensagem de paz que, a julgar pelos conflitos bélicos reiterados entre os povos, certamente não foi muito bem assimilada.

 

“Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt: 24:35): ao lado das prédicas mais claras e compartilhadas de Cristo, há outras tantas intrigantes e desafiadoras, imersas, por conseguinte, em polêmicas hermenêuticas. Seja como for, a mensagem de amor é, sem dúvida, o seu preceito maior: “Ame o seu próximo como a si mesmo!” (Mt 22:39).

 

J.A.R. – H.C.

 

John Heath-Stubbs

(1918-2006)

 

For the Nativity

 

Shepherds, I sing you this winter’s night

Our Hope new-planted, the womb’d, the buried Seed:

For a strange Star has fallen, to blossom from a tomb,

And infinite Godhead circumscribed hangs helpless at the breast.

 

Now the cold airs are musical, and all the ways of the sky

Vivid with moving fires, above the hills where tread

The feet – how beautiful! – of them that publish peace.

 

The sacrifice, which is not made for them,

The angels comprehend, and bend to earth

Their worshipping way. Material kind Earth

Gives Him a Mother’s breast, and needful food.

 

A Love, shepherds, most poor,

And yet most royal, kings,

Begins this winter’s night;

But oh, cast forth, and with no proper place,

Out in the cold He lies!

 

Adoração dos Pastores

(Gerard van Honthorst: pintor holandês)

 

À Natividade

 

Pastores, canto-vos nesta noite invernal

A nossa Esperança recém-plantada, o ventre, a Semente enterrada:

Pois uma estranha Estrela desceu, para desabrochar de uma tumba,

E a infinita Divindade pende indefesa e estreitada ao peito.

 

Num instante, os gélidos ares tornaram-se musicais, e todos

os caminhos do céu

Vívidos como fogos movediços, sobre as colinas onde trilham

Os pés – quão sublimes! – dos que anunciam a paz.

 

O sacrifício, que não se cumpre por eles,

Percebem-no os anjos, pelo que se inclinam até a terra

Em seu caminho de adoração. A generosa Terra material

Dá-Lhe o peito materno e o alimento necessário.

 

Um Amor, pastores, muito pobre,

e ainda o que há de mais majestático – reis –

dão início a esta noite de inverno;

Mas oh!, rejeitado, e sem lugar apropriado,

Lá fora, no frio, Ele dormita!

 

Referência:

 

HEATH-STUBBS, John. For the nativity. In: HOLLANDER, John; McCLATCHY, J. D. (Sel. & Ed.). Christmas poems. New York, NY: Alfred A. Knopf, 1999. p. 64. (‘Everyman’s Library: Pocket Poets’)

 


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