Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Hermann Hesse - O Redentor

Hesse sublinha o aspecto humanamente divino de um Cristo que nasce a cada ano, para falar “a devotos e a surdos ouvidos”, mas que “sempre acaba pregado na cruz”, pois que nos falta altruísmo e reponsabilidade social, motivo pelo qual o “reino dos céus”, onde o espírito leva de vencida a carne, ainda está longe de aportar aqui pela terra.

 

Na província do ser o homem pode chegar a um sorriso beatífico, quando se presume haver alcançado o significado da vida. Entrementes, caso não se torne como uma criança, de modo algum haverá de entrar no reino dos céus (Mt 18:3) – esse estado de bem-aventurança, de pureza, de sabedoria, de graça e de virtude.

 

J.A.R. – H.C.

 

Hermann Hesse

(1877-1962)

 

Der Heiland

 

Immer wieder wird er Mensch geboren,

spricht zu frommen, spricht zu tauben Ohren,

geht uns nah und geht uns neu verloren.

 

Immer wieder muss er einsam ragen,

aller Brüder Not und Sehnsucht tragen,

immer wieder wird er neu ans Kreuz geschlagen.

 

Immer wieder will sich Gott verkünden,

will das Himmlische ins Tal der Sünden,

will ins Fleisch, der Geist, der ewge münden.

 

Immer wieder, auch in diesen Tagen,

ist der Heiland unterwegs zu segnen,

unsern Ängsten, Tränen, Fragen, Klagen

 

mit dem stillen Blicke zu begegnen,

den wir doch nicht zu erwidern wagen,

weil nur Kinderaugen ihn ertragen.

 

A Adoração do Menino

(Gerard van Honthorst: pintor holandês)

 

O Redentor

 

Sempre e sempre retorna feito homem,

fala a devotos e a surdos ouvidos,

chega-se a nós e já de novo some.

 

Sempre e sempre sozinho Ele conduz

as misérias e anelos dos irmãos,

e sempre acaba pregado na cruz.

 

Sempre e sempre se faz proclamar Deus:

quer que o espírito domine a carne

e que à terra venha o reino dos céus.

 

Sempre e sempre, nestes dias ainda,

de passagem, o Salvador redime

nossas angústias, queixas e perguntas

 

– com seu olhar de bem-aventurança

que nem ousamos nós retribuir,

pois só o encaram olhos de criança.

 

Referências:

 

Em Alemão

 

HESSSE, Hermann. Der Heiland. In: __________. Die gedichte: 1892-1962. 19. Auflage. Frankfurt am Main, DE: Suhrkamp, 1977. s. 675.

 

Em Português

 

HESSE, Hermann. O Redentor. Tradução de Geir Campos. In: ______. Andares: antologia poética. Tradução de Geir Campos. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1976. p. 197.

  


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