Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 17 de dezembro de 2023

Erich Kästner - Dezembro

Dezembro é mês de férias e de confraternizações, durante o qual se passa a temporada do Natal e do Ano Novo: alegria para as crianças, que vivenciam a fantasia do Papai Noel, à espera de muitos presentes e diversão. Por igual, é um tempo de epílogos e de começos, de balanços e de projeções para o futuro, àqueles que já atingiram a idade da razão.

 

Tal é a perspectiva albergada pelo poeta para descrever o mês de dezembro, assumido como se uma pessoa fosse ao final da vida, de cabelos brancos e enfraquecidos, já com saúde em declínio, à espera que sobrevenham as janeiras, anunciando a chegada de uma criança, para realimentar o ciclo dos doze meses, ao longo dos quais promessas de ventura aguardam por se concretizar.

 

J.A.R. – H.C.

 

Erich Kästner

(1899-1974)

 

Der Dezember

 

Das Jahr ward alt. Hat dünnes Haar.

Ist gar nicht sehr gesund.

Kennt seinen letzten Tag, das Jahr.

Kennt gar die letzte Stund.

 

Ist viel geschehn. Ward viel versäumt.

Ruht beides unterm Schnee.

Weiß liegt die Welt, wie hingeträumt.

Und Wehmut tut halt weh.

 

Noch wächst der Mond. Noch schmilzt er hin.

Nichts bleibt. Und nichts vergeht.

Ist alles Wahn. Hat alles Sinn.

Nützt nichts, dass man’s versteht.

 

Und wieder stapft der Nikolaus

durch jeden Kindertraum.

Und wieder blüht in jedem Haus

der goldengrüne Baum.

 

Warst auch ein Kind. Hast selbst gefühlt,

wie hold Christbäume blühn.

Hast nun den Weihnachtsmann gespielt

und glaubst nicht mehr an ihn.

 

Bald trifft das Jahr der zwölfte Schlag.

Dann dröhnt das Erz und spricht:

“Das Jahr kennt seinen letzten Tag,

und du kennst deinen nicht.”

 

Aus: “Die Dreizehn Monate” (1955)

 

Noite de Natal

(Thomas Kinkade: pintor norte-americano)

 

Dezembro

 

O ano envelheceu. Tem frágeis cãs.

Não é muito hígido, em absoluto.

Está ciente do seu último dia.

Conhece até a sua derradeira hora.

 

Passaram-se muitas coisas. Muito se perdeu.

Tudo agora sepultado sob a neve.

Branco jaz o mundo, como se sonhasse.

E a melancolia sujeita-o a pesares.

 

A lua segue crescente, logo minguante.

Nada perdura. E nada passa.

Tudo é ilusão. Mas tudo faz sentido.

Vão é o esforço em tentar compreender.

 

E outra vez Papai Noel pervaga

através de todos os sonhos de infância.

E volta a florescer em cada lar

a árvore verde e dourada.

 

Foste também uma criança: notaste

o quão doces vicejam as árvores de Natal.

Brincaste ante a figura de Papai Noel

e agora já não acreditas mais nele.

 

O ano em breve tocará o 12º badalo.

E então há de rugir o bronze a anunciar:

“O ano bem sabe do seu último dia,

mas o teu, tu ainda o desconheces”.

 

Em: “Os Treze Meses” (1955)

 

Referência:

 

KÄSTNER, Erich. Der dezember. In: __________. Wieso warum? Ausgewählte gedichte: 1928-1955. Berlin und Weimar, DE: Aufbau-Verlag, 1965. s. 339.



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