Dezembro é mês de
férias e de confraternizações, durante o qual se passa a temporada do Natal e
do Ano Novo: alegria para as crianças, que vivenciam a fantasia do Papai Noel,
à espera de muitos presentes e diversão. Por igual, é um tempo de epílogos e de
começos, de balanços e de projeções para o futuro, àqueles que já atingiram a
idade da razão.
Tal é a perspectiva albergada
pelo poeta para descrever o mês de dezembro, assumido como se uma pessoa fosse ao
final da vida, de cabelos brancos e enfraquecidos, já com saúde em declínio, à
espera que sobrevenham as janeiras, anunciando a chegada de uma criança, para
realimentar o ciclo dos doze meses, ao longo dos quais promessas de ventura aguardam por se concretizar.
J.A.R. – H.C.
Erich Kästner
(1899-1974)
Der Dezember
Das Jahr ward alt.
Hat dünnes Haar.
Ist gar nicht sehr
gesund.
Kennt seinen letzten
Tag, das Jahr.
Kennt gar die letzte
Stund.
Ist viel geschehn.
Ward viel versäumt.
Ruht beides unterm
Schnee.
Weiß liegt die Welt,
wie hingeträumt.
Und Wehmut tut halt
weh.
Noch wächst der Mond.
Noch schmilzt er hin.
Nichts bleibt. Und
nichts vergeht.
Ist alles Wahn. Hat
alles Sinn.
Nützt nichts, dass man’s
versteht.
Und wieder stapft der
Nikolaus
durch jeden
Kindertraum.
Und wieder blüht in
jedem Haus
der goldengrüne Baum.
Warst auch ein Kind.
Hast selbst gefühlt,
wie hold Christbäume
blühn.
Hast nun den
Weihnachtsmann gespielt
und glaubst nicht mehr
an ihn.
Bald trifft das Jahr
der zwölfte Schlag.
Dann dröhnt das Erz
und spricht:
“Das Jahr kennt
seinen letzten Tag,
und du kennst deinen
nicht.”
Aus: “Die Dreizehn
Monate” (1955)
Noite de Natal
(Thomas Kinkade:
pintor norte-americano)
Dezembro
O ano envelheceu. Tem
frágeis cãs.
Não é muito hígido,
em absoluto.
Está ciente do seu
último dia.
Conhece até a sua
derradeira hora.
Passaram-se muitas
coisas. Muito se perdeu.
Tudo agora sepultado
sob a neve.
Branco jaz o mundo,
como se sonhasse.
E a melancolia sujeita-o
a pesares.
A lua segue
crescente, logo minguante.
Nada perdura. E nada
passa.
Tudo é ilusão. Mas tudo
faz sentido.
Vão é o esforço em
tentar compreender.
E outra vez Papai
Noel pervaga
através de todos os
sonhos de infância.
E volta a florescer
em cada lar
a árvore verde e dourada.
Foste também uma
criança: notaste
o quão doces vicejam
as árvores de Natal.
Brincaste ante a
figura de Papai Noel
e agora já não
acreditas mais nele.
O ano em breve tocará
o 12º badalo.
E então há de rugir o
bronze a anunciar:
“O ano bem sabe do
seu último dia,
mas o teu, tu ainda o
desconheces”.
Em: “Os Treze Meses”
(1955)
Referência:
KÄSTNER, Erich. Der dezember.
In: __________. Wieso warum? Ausgewählte gedichte: 1928-1955. Berlin und Weimar,
DE: Aufbau-Verlag, 1965. s. 339.
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