Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 20 de agosto de 2023

William Henry Davies - Tempo Livre

Davies, poeta galês contemporâneo ao filósofo e matemático Bertrand Russell (1872-1970) – autor de “Em Louvor ao Ócio” (“In Praise of Idleness”; 1935) –, trata aqui do mesmo tema abordado pelo inglês em seu ensaio, qual seja, dos efeitos negativos de se levar uma vida acelerada e sem pausas para poder contemplar as coisas belas da vida, como as paisagens naturais, os animais e as plantas.

 

Desperta a atenção o fato de que os dísticos em apreço foram redigidos no começo da segunda década do século passado, quando nada se parecia à vida hodierna, bem mais exigente e estressante, dirigida a se perseguir objetivos materiais a todo custo, mesmo que em detrimento do equilíbrio e da saúde do corpo e da alma: em réplica, alguém poderia dizer que os grandes prazeres da vida são de graça!

 

J.A.R. – H.C.

 

William H. Davies

(1871-1940)

 

Leisure

 

What is this life if, full of care,

We have no time to stand and stare? –

 

No time to stand beneath the boughs,

And stare as long as sheep and cows:

 

No time to see, when woods we pass,

Where squirrels hide their nuts in grass:

 

No time to see, in broad daylight,

Streams full of stars, like skies at night:

 

No time to turn at Beauty’s glance,

And watch her feet, how they can dance:

 

No time to wait till her mouth can

Enrich that smile her eyes began?

 

A poor life this if, full of care,

We have no time to stand and stare.

 

Hora de lazer

(August Borckmann: pintor alemão)

 

Tempo Livre

 

O que é esta vida se, cheia de cuidados,

Não temos tempo para parar e nos maravilhar? –

 

Sem tempo para ficar sob as ramagens,

E observar detidamente ovelhas e vacas:

 

Sem tempo para espiar, quando cruzamos os bosques,

Onde os esquilos escondem suas nozes na grama:

 

Sem tempo para contemplar, em plena luz do dia,

Riachos cheios de estrelas, como os céus durante a noite:

 

Sem tempo para nos orientar ao olhar da Beleza,

E notar como os seus pés são capazes de dançar:

 

Não há tempo para aguardar até que sua boca possa

Ornar esse sorriso a que seus olhos deram início?

 

Que pobre vida é esta, cheia de cuidados,

Se não temos tempo para parar e nos maravilhar.

 

Referência:

 

DAVIES, William Henry. Leisure. In: O’BRIEN, Geoffrey (General Editor). Bartlett’s poems for occasions. Foreword by Billy Collins. Boston, MA: Little, Brown & Co., 2007. p. 189.

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