Este excerto de “An
Essay on Man” (“Ensaio sobre o Homem”), de Pope, pertence à segunda parte de
sua seção IX e à seção X, ambas da Epístola I, cujo subtítulo é “Of the Nature
and State of Man, with Respect to the Universe” (“Da Natureza e Estado do
Homem, com Respeito ao Universo”), com mensagem dirigida ao amigo do poeta St.
John, Lord Bolingbroke.
Nela, o autor pondera
sobre a insensatez de se pretender subverter a ordem das coisas definida por
Deus, mesmo que não a compreendamos de todo, sugerindo ao homem que a aceite e
procure atinar sobre o propósito de sua própria existência no mundo, o que lhe permitiria
conservar-se “seguro nas mãos de quem dispõe de Poder”.
J.A.R. – H.C.
Alexander Pope
Retrato atribuído a Jonathan
Richardson
(1688-1744)
An Essay on Man
Epistle I (Vv.
267-294)
All are but parts of
one stupendous whole,
Whose body Nature is,
and God the soul;
That, changed through
all, and yet in all the same,
Great in the earth,
as in the ethereal frame,
Warms in the sun,
refreshes in the breeze,
Glows in the stars,
and blossoms in the trees,
Lives through all life,
extends through all extent,
Spreads undivided,
operates unspent,
Breathes in our soul,
informs our mortal part,
As full, as perfect,
in a hair as heart;
As full, as perfect,
in vile man that mourns,
As the rapt seraph
that adores and burns;
To him no high, no
low, no great, no small;
He fills, he bounds,
connects, and equals all.
Cease then, nor ORDER
Imperfection name:
Our proper bliss
depends on what we blame.
Know thy own point: this
kind, this due degree
Of blindness,
weakness, Heaven bestows on thee.
Submit – in this, or
any other sphere,
Secure to be as blest
as thou canst bear;
Safe in the hand of
one disposing Power,
Or in the natal, or
the mortal hour.
All Nature is but art,
unknown to thee;
All chance, direction,
which thou canst not see;
All discord, harmony
not understood;
All partial evil,
universal good:
And, spite of pride,
in erring reason’s spite,
One truth is clear: WHATEVER
IS, IS RIGHT.
(1733-34)
Almejando uma
esperança
(David Chang: artista
norte-americano)
Ensaio Sobre o Homem
Epístola I (Vv.
267-294)
Tudo é parte de um todo
de sem par grandeza,
Cuja alma é Deus, e
cujo corpo é a Natureza;
Que por tudo se
altera e em tudo é o mesmo ainda,
Grande na terra e na
amplidão etérea infinda;
Refresca a nós na
brisa, a nós no sol aquece,
Brilha nos astros, e
nas árvores floresce,
Por toda vida vive, a
todo alcance alcança,
Se estende e não se
parte, opera e não se cansa,
Sopra a alma e molda
a carne, esse mortal quinhão,
Pleno e perfeito, num
cabelo ou coração;
Pleno e perfeito,
quer num homem vil que chora.
Quer no enlevado
serafim que ardendo adora;
Para ele não há baixo
ou alto ou grande ou miúdo;
Ele nutre, restringe,
liga e iguala tudo.
Cessa! Nem à ORDEM
chames mais de imperfeição:
No que acusamos se
acha a nossa redenção.
Vê teu limite: esta
porção justa e devida
De cegueira e
fraqueza a ti é concedida.
Sujeita-te... Ou
nesta, ou em qualquer esfera,
Garante as bênçãos
todas que teu ser tolera –
Um ser na mão de um
só Poder dispensador,
Na hora do nascimento
ou na hora em que se for.
A Natureza toda é uma
arte ignota a ti;
Todo acaso, desígnio,
que não vês aqui;
Toda discórdia, uma
harmonia que ouves mal;
E todo mal parcial, o
bem universal:
Malgrado o orgulho, o
pensamento pouco aberto,
Uma verdade é clara:
TUDO O QUE É, É CERTO.
(1733-34)
Referência:
POPE, Alexander. An essay on man: epistle I (vv. 267-294) / Ensaio sobre o homem: epístola I (vv. 267-294). Tradução de Paulo Vizioli. In: __________. Poemas. Introdução, seleção, tradução e notas de Paulo Vizioli. Edição bilíngue: inglês x português. São Paulo, SP: Nova Alexandria, 1994. Em inglês: p. 96 e 98; em português: p. 97 e 99.
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