O poeta nos fala dos
estados de deleite suscitados por nossas ilusões – muitas vezes, verdadeiros
oásis numa experiência de vida talvez desértica ou, ainda, como corolários digressivos
de nossas vulnerabilidades –, mas que somente prosperam sob a tutela imediata
do prazer, não portando tonelagem para fundar ideais indutoras de condutas
sadias, não maculadas por escapismos.
Em tais oásis de prazer,
as miragens apenas se sustentam enquanto não confrontadas com a realidade ao
redor, sendo “destroçadas” “à mais leve pressão”, haja vista que meras e fátuas
abstrações, sem poder de resistência às arremetidas reiteradas da sólida e
fulminante armada dos dias, municiada, sem tréguas, pela oficina do tangível.
J.A.R. – H.C.
Kay Ryan
(n. 1945)
Mirage Oases
First among places
susceptible to
trespass
are mirage oases
whose graduated pools
and shaded grasses,
palms
and speckled fishes
give
before the lightest
pressure
and are wrecked.
For they live
only in kingdom
of suspended wishes,
thrive only at our
pleasure
checked.
Oásis
(Colette Lucchini:
pintora francesa)
Oásis de Miragem
O primeiro entre os
lugares
suscetíveis de
intrusão
são os oásis de miragem
cujas lagoas
escalonadas
e pastos sombreados
palmeiras e peixes
pintalgados cedem
ante a mais leve pressão
e são destroçados.
Porque vivem
somente no reino
dos desejos
suspensos,
prosperam apenas sob o
leme
do nosso prazer.
Referência:
RYAN, Kay. Oases mirage. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 531.
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