Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Max Martins - O amor ardendo em mel

Recolhido à antologia “Poesia Erótica Brasileira”, organizada por Eliane Robert Moraes [Lisboa, Tinta-da-china, 2017 (1ª ed.), p. 201], o poema abaixo, de autoria do poeta paraense, expressa um nítido esquadrinhar do amante pelas despidas partes íntimas da amada – seus mamilos e hímen –, num mordiscar sensual a recolher o sabor melífluo do amor.

 

Morder o fruto alojado “entre duas coxas” ou os “bicos dos figos” são, obviamente, metáforas para o sexo oral. E o desejo assim manifestado, exteriorizado em carícias noturnas, faz arder os corpos, ávidos de uma urgência diante de uma estação que aos poucos avança e não retorna, deixando os verticilos sem “pólen”, os frutos “murchos”.

 

J.A.R. – H.C.

 

Max Martins

(1926-2009)

 

O amor ardendo em mel

 

Morder! morder o

hímen adocicado

– frêmito de lâmina

entre duas coxas

do polo ao pólen.

E o apolo laminar morder.

Morder os bicos dos figos

antes que murchos

antes dos dentes

sempre morder

e jamais sugar

da lua a sua ferrugem.

Morder somente a sua semente

antes de agora

antes da aurora

morder

e arder em mel

o amor.

 

Amantes

(Kaola Oty: artista romena)

 

Referência:

 

MARTINS, Max. O amor ardendo em mel. In: __________. H’era: poesia. Organização e notas de Age de Carvalho. Prefácio e posfácio de Benedito Nunes. Belém, PA: ed.ufpa, 2016. p. 60. (Max Martins: poesia completa; v. 3)

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