Recolhido à antologia
“Poesia Erótica Brasileira”, organizada por Eliane Robert Moraes [Lisboa, Tinta-da-china,
2017 (1ª ed.), p. 201], o poema abaixo, de autoria do poeta paraense, expressa
um nítido esquadrinhar do amante pelas despidas partes íntimas da amada – seus mamilos
e hímen –, num mordiscar sensual a recolher o sabor melífluo do amor.
Morder o fruto alojado “entre duas coxas” ou os “bicos dos figos” são, obviamente, metáforas para o sexo oral. E o desejo assim manifestado, exteriorizado em carícias noturnas, faz arder os corpos, ávidos de uma urgência diante de uma estação que aos poucos avança e não retorna, deixando os verticilos sem “pólen”, os frutos “murchos”.
J.A.R. – H.C.
Max Martins
(1926-2009)
O amor ardendo em mel
Morder! morder o
hímen adocicado
– frêmito de lâmina
entre duas coxas
do polo ao pólen.
E o apolo laminar
morder.
Morder os bicos dos
figos
antes que murchos
antes dos dentes
sempre morder
e jamais sugar
da lua a sua
ferrugem.
Morder somente a sua
semente
antes de agora
antes da aurora
morder
e arder em mel
o amor.
Amantes
(Kaola Oty: artista
romena)
Referência:
MARTINS, Max. O amor
ardendo em mel. In: __________. H’era: poesia. Organização e notas de
Age de Carvalho. Prefácio e posfácio de Benedito Nunes. Belém, PA: ed.ufpa,
2016. p. 60. (Max Martins: poesia completa; v. 3)
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