A paciência não como
uma realização pessoal, mas como um dom divino a transformar uma vontade irresoluta
diante do sofrimento e do conflito exaustivo com as suas próprias atribuições, enquanto
sacerdote jesuíta: até poderíamos aventar a hipótese de que o autor estivesse
levando à frente um dos “exercícios espirituais” propostos por Inácio de Loyola!
“Paciência, coisa
difícil!”: penosa, de fato, quando tantos desconcertos nos tiram do sério,
fazendo transbordar ressentimentos e exasperações, reverberando frustrações.
Mas é na dificuldade que o espírito se aprimora: como diria o teólogo Rubem
Alves (1933-2014), “ostra feliz não faz pérola”.
J.A.R. – H.C.
Gerard M. Hopkins
(1844-1889)
Patience, hard thing!
Patience, hard thing!
the hard thing but to pray,
But bid for, Patience
is! Patience who asks
Wants war, wants
wounds; weary his time, his tasks;
To do without, take
tosses, and obey.
Rare patience roots
in these, and, these away,
Nowhere. Natural
heart’s ivy Patience masks
Our ruins of wrecked
past purpose. There she basks
Purple eyes and seas
of liquid leaves all day.
We hear our hearts
grate on themselves: it kills
To bruise them
dearer. Yet the rebellious wills
Of us we do bid God
bend to him even so.
And where is he who
more and more distils
Delicious kindness? –
He is patient. Patience fills
His crisp combs, and
that comes those ways we know
Dublin, 1885 (?)
(Posthumous publ.)
Homem Paciente
(Paul Christopher:
pintor norte-americano)
Paciência! dura
coisa!
Paciência! dura
coisa! dura sequer de rogar-se,
Sequer de
solicitar-se, a Paciência! Quem pede Paciência
Pede guerras, chagas,
cansaços, lides, obediência;
Passar sem nada,
entregue à sorte, renunciar.
Eis a raiz da rara
Paciência. Não escolhas
Coisa diversa.
Recobrindo o coração, ela
Mascara os destroços
de naufragados projetos – hera
Que ali se estende em
rubras bagas e um mar de folhas.
Ouvimos ranger os
nossos corações. Para melhor amolgá-los
Ela os abate. E
suplicamos a Deus vergá-los
À sua vontade – e em
nossa vontade sofremos.
E onde encontrar
aquele que cada vez mais goteje
Doce bondade? Ele é
paciente. A Paciência enche
Seus crespos favos e
escorre – bem o sabemos.
Referência:
HOPKINS, Gerard
Manley. Patience, hard thing! / Paciência! dura coisa!. Tradução de Aíla de Oliveira
Gomes. In: __________. Poemas. Seleção, tradução, introdução e notas de
Aíla de Oliveira Gomes. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1989. Em inglês:
p. 134; em português: p. 135.
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