Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 13 de março de 2023

Rubén Darío - O Fatal

Não apenas sensitivos, mas conscientes de nosso viver e finitude, nós, humanos, estamos sempre à espreita de um futuro que se nos mostra incógnito – de “rumo” incerto –, mas não só: incerto é também nosso conhecimento sobre as origens deste mundo, de onde ele partiu e com que propósitos segue a existir.

 

Ante o fatal, o homem tem que fazer suas escolhas e não se deixar desorientar pela dor de se saber limitado pelo tempo: a morte lhe sobreviverá de qualquer maneira; se catástrofe ou libertação, somente depois virá a saber; por agora, cumpre acolher a máxima do escriba, vale dizer, que “a alegria do homem torna mais longa a sua vida”. (Eclo 30:23)

 

J.A.R. – H.C.

 

Rubén Darío

(1867-1916)

 

Lo Fatal

 

A René Pérez

 

Dichoso el árbol que es apenas sensitivo,

y más la piedra dura porque esa ya no siente,

pues no hay dolor más grande que el dolor de ser vivo,

ni mayor pesadumbre que la vida consciente.

 

Ser, y no saber nada, y ser sin rumbo cierto,

y el temor de haber sido y un futuro terror...

Y el espanto seguro de estar mañana muerto,

y sufrir por la vida y por la sombra y por

 

lo que no conocemos y apenas sospechamos,

y la carne que tienta con sus frescos racimos,

y la tumba que aguarda con sus fúnebres ramos,

¡y no saber adonde vamos,

ni de dónde venimos!...

 

Os Três Destinos

(Clotho, Lachesis e Atropos)

(Giorgio Ghisi: artista italiano)

 

O Fatal

 

A René Pérez

 

Ditoso o vegetal, que é apenas sensitivo,

ou a pedra dura, esta ainda mais, porque não sente,

pois não há dor maior do que a dor de ser vivo,

nem mais fundo pesar que o da vida consciente.

 

Ser, e não saber nada, e ser sem rumo certo,

e o medo de ter sido, e um futuro terror...

E a inquietação de imaginar a morte perto,

e sofrer pela vida e a sombra, no temor

 

do que ignoramos e que apenas suspeitamos,

e a carne a seduzir com seus frescos racimos,

e o túmulo a esperar com seus fúnebres ramos...

e não saber para onde vamos,

Nem saber donde vimos...

 

Referências:

 

Em Espanhol

 

DARÍO, Rubén. Lo fatal. In: __________. Poesía. Edición de Ernesto Mejía Sánchez. 2. ed. Caracas, VE: Fundación Biblioteca Ayacucho, feb.1985. p. 297. (Biblioteca ‘Ayacucho’; v. IX)

 

Em Português

 

DARÍO, Rubén. O fatal. Tradução de Manuel Bandeira. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. Rio de Janeiro, GB: Sabiá, 1961. p. 204.

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