Hoje, dia dedicado às
mulheres, a postagem traz um poema de uma escritora e poetisa negra de fibra –
Maya Angelou –, com versos que denotam o poder que têm as mulheres de moldar a
vida de seus filhos e das crianças que lhes são confiadas, com muito suor e lágrimas,
encarando os contratempos cotidianos não com amargura, senão com presença de
espírito.
Mesmo quando aborda o
tema da sexualidade e da beleza, Angelou o faz associando-o, em sentido
positivo, às ideias de “revolução” e “glória”: essa senhora forte e ousada,
hábil em seus afazeres, pouco ou nada se deixa afetar pelos padrões
estabelecidos pela sociedade, assumindo as repercussões de seus atos, sem
deixar de ser pacífica, terna, acolhedora e feminina, como toda mulher.
J.A.R. – H.C.
Maya Angelou
(1928-2014)
Woman Me
Your smile, delicate
rumor of peace.
Deafening revolutions
nestle in the
cleavage of
your breasts.
Beggar-Kings and
red-ringed Priests
seek glory at the
meeting
of your thighs.
A grasp of Lions. A
lap of Lambs.
Your tears, jeweled
strewn a diadem
caused Pharaohs to
ride
deep in the bosom of
the
Nile. Southern spas
lash fast
their doors upon the
night when
winds of death blow
down your name.
A bride of
hurricanes. A swarm of summer wind.
Your laughter,
pealing tall
above the bells of
ruined cathedrals.
Children reach
between your teeth
for charts to live
their lives.
A stomp of feet. A
bevy of swift hands.
In: “Oh Pray my Wings
Are Gonna Fit me Well” (1975)
Catedral em ruínas
(James Christopher
Hill: ilustrador norte-americano)
Eu, Mulher
Teu sorriso, delicado
rumor de paz.
Ensurdecedoras
revoluções se aninham no
decote dos
teus seios.
Reis-pedintes e
sacerdotes com anéis vermelhos
procuram a glória no
encontro
de tuas coxas.
Um aperto de Leões. Um
regaço de Cordeiros.
Tuas lágrimas, joias
cravejadas num
diadema,
fizeram com que os
faraós cavalgassem
fundo nas entranhas
do
Nilo. As termas sulinas
fecham depressa
suas portas na noite
em que
os ventos da morte
sopram teu nome.
Uma noiva de furacões.
Um enxame de brisas de verão.
Tua risada a ressoar
mais alto
que os sinos das
catedrais em ruínas.
Crianças buscam
alcançar entre teus dentes
roteiros de como
viver suas vidas.
Um forte calcar de
pés. Uma profusão de mãos ligeiras.
Em: “Oh! Orem para que
Minhas Asas me Caiam Bem” (1975)
Referência:
ANGELOU, Maya. Woman
me. In: __________. The complete collected poems of Maya Angelou. New
York, NY: Random House, 1994. p. 105.
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