Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 8 de março de 2023

Maya Angelou - Eu, Mulher

Hoje, dia dedicado às mulheres, a postagem traz um poema de uma escritora e poetisa negra de fibra – Maya Angelou –, com versos que denotam o poder que têm as mulheres de moldar a vida de seus filhos e das crianças que lhes são confiadas, com muito suor e lágrimas, encarando os contratempos cotidianos não com amargura, senão com presença de espírito.

 

Mesmo quando aborda o tema da sexualidade e da beleza, Angelou o faz associando-o, em sentido positivo, às ideias de “revolução” e “glória”: essa senhora forte e ousada, hábil em seus afazeres, pouco ou nada se deixa afetar pelos padrões estabelecidos pela sociedade, assumindo as repercussões de seus atos, sem deixar de ser pacífica, terna, acolhedora e feminina, como toda mulher.

 

J.A.R. – H.C.

 

Maya Angelou

(1928-2014)

 

Woman Me

 

Your smile, delicate

rumor of peace.

Deafening revolutions nestle in the

cleavage of

your breasts.

Beggar-Kings and red-ringed Priests

seek glory at the meeting

of your thighs.

A grasp of Lions. A lap of Lambs.

 

Your tears, jeweled

strewn a diadem

caused Pharaohs to ride

deep in the bosom of the

Nile. Southern spas lash fast

their doors upon the night when

winds of death blow down your name.

A bride of hurricanes. A swarm of summer wind.

 

Your laughter, pealing tall

above the bells of ruined cathedrals.

Children reach between your teeth

for charts to live their lives.

A stomp of feet. A bevy of swift hands.

 

In: “Oh Pray my Wings Are Gonna Fit me Well” (1975)

 

Catedral em ruínas

(James Christopher Hill: ilustrador norte-americano)

 

Eu, Mulher

 

Teu sorriso, delicado

rumor de paz.

Ensurdecedoras revoluções se aninham no

decote dos

teus seios.

Reis-pedintes e sacerdotes com anéis vermelhos

procuram a glória no encontro

de tuas coxas.

Um aperto de Leões. Um regaço de Cordeiros.

 

Tuas lágrimas, joias

cravejadas num diadema,

fizeram com que os faraós cavalgassem

fundo nas entranhas do

Nilo. As termas sulinas fecham depressa

suas portas na noite em que

os ventos da morte sopram teu nome.

Uma noiva de furacões. Um enxame de brisas de verão.

 

Tua risada a ressoar mais alto

que os sinos das catedrais em ruínas.

Crianças buscam alcançar entre teus dentes

roteiros de como viver suas vidas.

Um forte calcar de pés. Uma profusão de mãos ligeiras.

 

Em: “Oh! Orem para que Minhas Asas me Caiam Bem” (1975)

 

Referência:

 

ANGELOU, Maya. Woman me. In: __________. The complete collected poems of Maya Angelou. New York, NY: Random House, 1994. p. 105.

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