O poeta nigeriano
fala de um tempo em que havia sonhos de um futuro não muito bem fundamentados, invocando aos patrícios, por ora, para que deles se despeçam, porque o propósito maior não se
limita ao meramente humano – “sangue, carne & ossos” –, senão que se expande a que toda a gente seja induzida a se transmutar em deuses – “cores, magia & ouro”.
O ritmo do poema é
bem demarcado pelas anáforas nas primeiras e terceiras linhas de cada terceto
(à exceção do derradeiro verso, migrado no talhe à linha imediatamente
anterior), nos quais se descrevem as condutas anteriormente adotadas –
metaforizadas no dizer poético – e as razões pelas quais hoje se mostram
insuficientes, porque defectivas naquilo que se consumam em olvidos.
J.A.R. – H.C.
Michael Ace
(n. 19__)
Goodbye
For those times we
wrote our names on sands
Hoping the earth
would carve our stories in its crust
But forgetting it
would rain & tales don’t swim
For those times we
believed being foolish was the way to love
& we gave our
all; tested the depth of ocean with both legs
But forgetting unlike
the heart, the brain doesn’t bleed
For those times we
read the chronicles of past heroes
& waited,
chanting the song: we’re the leaders of tomorrow
But forgetting the
future was never a time zone
For those times we
woke to the tricky tales of immortality
Hoping someday, we
would trounce the radiance of the sun
But forgetting even
butterflies are nothing but insects
For those times we
were human: blood flesh & bones
Forgetting we were
meant to be gods: colours, magic & gold
We wave our hands
& say a solemn goodbye
O guardião dos sonhos
perdidos
(Luana Stebule:
artista lituana)
Adeus
Por aqueles tempos
escrevemos nossos nomes nas areias
À espera de que a
terra talhasse nossas histórias em sua crosta
Mas esquecendo que
choveria & contos não nadam
Por aqueles tempos
acreditávamos que ser insensato era o
caminho para amar
& demos tudo de
nós; testamos a profundidade do oceano com
ambas as pernas
Mas esquecendo que,
ao contrário do coração, o cérebro
não sangra
Por aqueles tempos
líamos as crônicas dos heróis do passado
& esperávamos,
entoando a canção: somos os líderes do amanhã
Mas esquecendo que o
futuro nunca foi um fuso horário
Por aqueles tempos
despertávamos com os enganosos contos
de imortalidade
Com a esperança de
que, nalgum dia, tropeçássemos com o
resplendor do sol
Mas esquecendo que as
borboletas não são nada além de insetos
Por aqueles tempos
éramos humanos: sangue, carne & ossos
Esquecendo que fomos
feitos para sermos deuses: cores, magia
& ouro
Acenemos com as mãos
& digamos um solene adeus
Referência:
ACE, Michael.
Goodbye. In: Mwanaka, Tendai R.; MALA, Nsah (Edition and compilation). Best
“New” African Poets: 2019 anthology. Chitungwiza (ZW): Mwanaka Media and
Publishing, 2019. p. 168.
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