A voz lírica, no
curso destes versos, fala-nos de como decorou a sua casa para o Natal, com um
pinheiro escocês, à espera de seu companheiro algo ausente, tencionando firmar
raízes mais consistentes no relacionamento, haja vista o que se depreende dos
versos da última sextilha, no qual nomeia a quadra como um verdadeiro
“Armistício de Natal”.
O Natal tem mesmo
esse condão de reatar laços um tanto abalados, trazendo-nos mais próximos ao
real sentido de nossas existências, uma linguagem de emoções e de conexões que
se pretendem felizes (ou pelo menos oportunas), permitindo-nos tonificar o
sentimento de amor para o qual fomos destinados.
J.A.R. – H.C.
Anne Sexton
(1928-1974)
December 17th
Today I bought a
Scotch Pine –
O Tannenbaum – a
Christmas tree,
as green as a turtle,
a forest
of gum and resin and
turpentine.
My love, my louse, my
absentee,
alone in our place I
was not a guest.
With my box from the
Five and Dime
I hung bells and
balls and silver floss
and one intense
strand of reds and greens.
At the end I topped
off the ragged pine
with a flashy star,
the five point cross
that twinkles for the
Nazarene.
Doing this reminded
me of the fall awards
we gave to different
trees, First Prize
was tacked upon the
rock maple
in Lincoln Center,
then out towards
Weston we pinned Best
Birch at Sunrise.
We took our census of
colors not people.
The purple oaks, the
quivering aspens,
those heavy popples
the color of old coins;
the woodbine – each
with an award on its trunk,
pinned by us with
home-made ribbons
on Columbus Day.
Prizes when acid joins
the pigment and the
sap has been drunk.
Today I bought a
sprig of mistletoe,
all warts and leaves
and fruit
and stem – the angel
of the kiss –
and hung it in our
bungalow.
My love, we will take
root
during the Christmas
Armistice.
Natal em Nova York
(Thomas Kinkade:
pintor norte-americano)
17 de Dezembro
Hoje comprei um
Pinheiro Escocês –
Ó Tannenbaum – uma
árvore de Natal,
verde como uma
tartaruga, um bosque
de gomíferas e
coníferas e terebintos.
Meu amor, meu
tratante, meu ausente,
sozinha em nosso
canto eu não era uma hóspede.
Com minha caixa da
Loja de Bagatelas,
pendurei sinos e
bolas e ornamentos prateados
e um intenso cordel
de vermelhos e verdes.
Ao final, rematei o híspido
pinheiro
com uma estrela
chamativa, a cruz de cinco pontas
que cintila pelo
Nazareno.
Ao montá-lo,
lembrei-me dos prêmios de outono
que atribuímos às distintas
árvores: o Primeiro Prêmio
foi afixado sobre o
bordo de rocha
no Lincoln Center;
depois, em direção a Weston,
outorgamos o Melhor
Vidoeiro ao Nascer do Sol.
Fizemos nosso censo
de cores, não de pessoas.
Os carvalhos roxos, os
álamos tremulantes,
aquelas faias pesadas
da cor de velhas moedas;
as madressilvas –
cada uma com um prêmio em sua cepa,
afixados por nós com
fitas caseiras
no Dia de Colombo.
Prêmios nos quais o ácido se junta
ao pigmento e a seiva
resta absorvida.
Hoje comprei um
raminho de visco,
todo nodos e folhas e
frutos
e caule – o anjo do
beijo –
e o pendurei em nosso
bangalô.
Meu amor, vamos criar
raízes
durante o Armistício
de Natal.
Referência:
SEXTON, Anne. December 17th. In: __________. The complete poems. With a foreword by Maxine Kumin. 1st. ed. Boston, MA: Houghton Mifflin Company, 1981. p. 219.
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