Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 17 de dezembro de 2022

Anne Sexton - 17 de Dezembro

A voz lírica, no curso destes versos, fala-nos de como decorou a sua casa para o Natal, com um pinheiro escocês, à espera de seu companheiro algo ausente, tencionando firmar raízes mais consistentes no relacionamento, haja vista o que se depreende dos versos da última sextilha, no qual nomeia a quadra como um verdadeiro “Armistício de Natal”.

 

O Natal tem mesmo esse condão de reatar laços um tanto abalados, trazendo-nos mais próximos ao real sentido de nossas existências, uma linguagem de emoções e de conexões que se pretendem felizes (ou pelo menos oportunas), permitindo-nos tonificar o sentimento de amor para o qual fomos destinados.

 

J.A.R. – H.C.

 

Anne Sexton

(1928-1974)

 

December 17th

 

Today I bought a Scotch Pine –

O Tannenbaum – a Christmas tree,

as green as a turtle, a forest

of gum and resin and turpentine.

My love, my louse, my absentee,

alone in our place I was not a guest.

 

With my box from the Five and Dime

I hung bells and balls and silver floss

and one intense strand of reds and greens.

At the end I topped off the ragged pine

with a flashy star, the five point cross

that twinkles for the Nazarene.

 

Doing this reminded me of the fall awards

we gave to different trees, First Prize

was tacked upon the rock maple

in Lincoln Center, then out towards

Weston we pinned Best Birch at Sunrise.

We took our census of colors not people.

 

The purple oaks, the quivering aspens,

those heavy popples the color of old coins;

the woodbine – each with an award on its trunk,

pinned by us with home-made ribbons

on Columbus Day. Prizes when acid joins

the pigment and the sap has been drunk.

 

Today I bought a sprig of mistletoe,

all warts and leaves and fruit

and stem – the angel of the kiss –

and hung it in our bungalow.

My love, we will take root

during the Christmas Armistice.

 

Natal em Nova York

(Thomas Kinkade: pintor norte-americano)

 

17 de Dezembro

 

Hoje comprei um Pinheiro Escocês –

Ó Tannenbaum – uma árvore de Natal,

verde como uma tartaruga, um bosque

de gomíferas e coníferas e terebintos.

Meu amor, meu tratante, meu ausente,

sozinha em nosso canto eu não era uma hóspede.

 

Com minha caixa da Loja de Bagatelas,

pendurei sinos e bolas e ornamentos prateados

e um intenso cordel de vermelhos e verdes.

Ao final, rematei o híspido pinheiro

com uma estrela chamativa, a cruz de cinco pontas

que cintila pelo Nazareno.

 

Ao montá-lo, lembrei-me dos prêmios de outono

que atribuímos às distintas árvores: o Primeiro Prêmio

foi afixado sobre o bordo de rocha

no Lincoln Center; depois, em direção a Weston,

outorgamos o Melhor Vidoeiro ao Nascer do Sol.

Fizemos nosso censo de cores, não de pessoas.

 

Os carvalhos roxos, os álamos tremulantes,

aquelas faias pesadas da cor de velhas moedas;

as madressilvas – cada uma com um prêmio em sua cepa,

afixados por nós com fitas caseiras

no Dia de Colombo. Prêmios nos quais o ácido se junta

ao pigmento e a seiva resta absorvida.

 

Hoje comprei um raminho de visco,

todo nodos e folhas e frutos

e caule – o anjo do beijo –

e o pendurei em nosso bangalô.

Meu amor, vamos criar raízes

durante o Armistício de Natal.

 

Referência:

 

SEXTON, Anne. December 17th. In: __________. The complete poems. With a foreword by Maxine Kumin. 1st. ed. Boston, MA: Houghton Mifflin Company, 1981. p. 219.


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