Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Ana Cecilia Blum - O Lume

A escritora e jornalista equatoriana pincela com matizes singulares o sentido de salvação representado pelo lume ou clarão que nos é sinalizado pelos céus, algo de algum modo consentâneo com as urdiduras do sagrado e do profano, suportadas por antinomias do velho e do novo, de erros e de acertos, de luzes e de trevas.

 

O clarão da estrela segue à nossa frente, iluminando o caminho enquanto verbo manifesto, no firme propósito de que nos convertamos em revérberos humanos do divino, como harmônicos sóis introjetados, vocacionados ao espiritual, ao aperfeiçoamento pela generosidade, altruísmo, princípios éticos e mútuo respeito.

 

J.A.R. – H.C.

 

Ana Cecilia Blum

(n. 1972)

 

La Lumbre

 

Hay soles que al anochecer

se acomodan en el alma

y nos hacen,

nos fecundan,

nos convierten.

 

Somos esos y más, otros,

los nuevos, los anteriores,

un acierto, un equívoco,

andantes de tinieblas y destellos,

ego y humildad que se entrelazan,

aprietan,

estrangulan.

 

Palabras infinitas

en las hojas de la lluvia,

odisea propia,

firma existencial en el poniente.

 

Días que se mecen sacrosantos y profanos,

rutas se hacen, se deshacen,

fallas traicioneras,

sismos inminentes.

 

Y entre lo que estalla y enfurece,

un gramo de armonía en la pupila,

la lumbre esperando,

desde el fondo,

desde la antesala de todos los asombros

volteamos, nos abraza,

nos envuelve,

somos su calor, sus luces.

 

Es la lumbre

y

nos salva.

 

A Estrela

(Diane McClary: pintora norte-americana)

 

O Lume

 

Há sóis que ao anoitecer

se acomodam na alma

e nos preenchem,

nos fecundam,

nos convertem.

 

Somos esses e mais, outros,

os novos, os anteriores,

um acerto, um equívoco,

errantes de trevas e clarões,

ego e humildade que se entrelaçam,

comprimem,

estrangulam.

 

Palavras infinitas

nas folhas de chuva,

odisseia própria,

firma existencial no poente.

 

Dias que meneiam sacrossantos e profanos,

rotas se fazem, desfazem,

falhas traiçoeiras,

sismos iminentes.

 

E entre o que estoura e enfurece,

um grama de harmonia na pupila,

o lume à espera –

desde o fundo,

desde a antessala de todos os assombros

retornamos – nos abraça,

nos envolve,

somos seu calor, suas luzes.

 

É o lume

e

nos salva.

 

Referência:

 

BLUM, Ana Cecilia. La lumbre. In: ALENCART, A. P.; CRUZ-VILLALOBOS, Luis (Eds.). Carne del cielo: versos de navidad. Antología de poetas iberoamericanos de hoy. Pinturas de Miguel Elías. Santiago, CL: Hebel Ediciones, 2015. p. 142-143. Disponível neste endereço. Acesso em: 20 dez. 2022.


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