O poeta aqui se propõe a reforçar a ideia de inevitabilidade da morte, de
que não podemos esperar por um final diferente para nossas vidas, pois que em um
infortunado dia ela há de ocorrer: tão garantida em seu desenlace vindouro, a morte,
no entanto, é bastante indefinida quanto ao exato momento em que se consuma, ou,
como se diria no plano jurídico, um evento futuro e incerto.
Cummings vê na morte um
pecado – quando sob o foco de hospitais, advogados, testamentos, agentes
funerários, embalsamento, cremação ou enterro –; mas um fenômeno que se
assemelha a um “milagre” – naquilo que o espírito e a memória mostram-se
capazes de subsistir, para sobrelevar esse belo e natural epílogo da vida.
J.A.R. – H.C.
E. E. Cummings
(1894-1962)
dying is fine
dying is fine)but
Death
?o
baby
i
wouldn’t like
Death if Death
were
good:for
when(instead of
stopping to think)you
begin to feel of it,
dying
’s miraculous
why?be
cause dying is
perfectly natural;perfectly
putting
it mildly lively(but
Death
is strictly
scientific
&artificial &
evil & legal)
we thank thee
god
almighty for dying
(forgive us,o
life!the sin of Death
In: “Xaipe” (1950)
Cavalgando com a
Morte
(Jean-Michel Basquiat:
artista norte-americano)
morrer tudo bem
morrer tudo bem) mas
a
Morte
?eu
hem
não quero não
a Morte se a Morte
fosse boa: pois
quando
se começa a sentir,
não
a parar de pensar,
morrer é mil-
agroso? porque
é natural
perfeitamente
perfeita colocação em
termos
vívido-tranquilamente
(mas
a Morte é estrita-
mente científica
& artificial
&
jurídica & má
te agradecemos o
morrer,
deus todo-poderoso
(perdoa, ó vida, o pecado
da Morte
Em: “Xaipe” (1950)
(*)
Nota:
(*). “Xaipe” diz
respeito a uma palavra que, no original em grego, significa algo como “Alegrar-se”
ou “Regozijar-se”.
Referências:
Em Inglês
Cummings, E. E. dying
is fine. In: __________. Complete poems: 1904-1962. Edited by George
James Firmage. New York, NY: Liveright Publishing Corporation, 1991. p. 604
Em Português
Cummings, E. E. dying
is fine / morrer tudo bem. Tradução de Leonardo Fróes. In: __________. Assim.
Petrópolis, RJ: Xanadu, 1986. p. 70.
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