Contra um governo federal
que se compraz em disseminar o ódio, trago ao leitor um poema que, intitulado “Teoria”,
bem poderia se interpretar por uma “Utopia” ou um “Programa” para propagação do
amor: em um país que retornou ao “mapa da fome”, por que perder-se em vão o que
se recolhe aos celeiros, sem destinação aos mercados?! Como afirma o Papa Francisco,
em sua encíclica “Fratelli Tutti”, “Todos Irmãos”, a fome é um delito, porquanto
a alimentação é um direito inalienável!
À “rosa impura”
contrapõe-se o sonho de uma humanidade não centrada no egoísmo, no individualismo
doentio, senão devotada ao convívio fraterno, à coexistência pacífica em um
cenário universal: nenhum nominalismo em direitos que se firmam em cartas
magnas sem maiores consequências, mas a realidade fática confrontada para fazer
valer tais direitos!
J.A.R. – H.C.
Péricles E. S. Ramos
(1919-1992)
Teoria
Que todas
se humanizem,
ruas e cidades,
terras e nações;
que sejam como homens
de auroras e de
nuvens
e amor no coração:
não desse amor
de álcool à chama;
não desse amor
às marés do instante,
à rosa impura
da violência e do
outro;
mas do amor que é
trigo
nas planícies, nos
celeiros,
e se perde em vão.
Rosa Sangrenta
(Nicolas Raymond: artista
norte-americano)
Referência:
RAMOS, Péricles
Eugênio da Silva. Teoria. In: __________. Poesia quase completa. Rio de
Janeiro, GB: Livraria José Olympio Editora, 1972. p. 139-140.
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