Randall, poeta
afro-americano, discorre nestes versos sobre o seu sonho de igualdade para os
negros de seu país, assim como o fizeram muitos outros grandes nomes da causa
negra nos EUA, como Luther King, Malcolm X e mesmo o também poeta Langston
Hughes.
Veja-se que o poema é
do final da década de quarenta do século passado, quando os padrões
discriminatórios por questão de raça eram bem mais acirrados que hoje, setenta depois:
nada obstante, os negros continuam, segundo os dados para o ano de 2000, como a
maioria a compor os quase quarenta milhões de norte-americanos que vivem abaixo
da linha oficial de pobreza.
J.A.R. – H.C.
Dudley Randall
(1914-2000)
Roses and Revolutions
Musing on roses and
revolutions,
I saw night close
down on the earth like a great dark wing,
and the lighted
cities were like tapers in the night,
and I heard the
lamentations of a million hearts
regretting life and
crying for the grave,
and I saw the Negro
lying in the swamp with his face blown off,
and in northern
cities with his manhood maligned and felt the writhing
of his viscera like
that of the hare hunted down or the bear at bay,
and I saw men working
and taking no joy in their work
and embracing the
hard-eyed whore with joyless excitement
and lying with wives
and virgins in impotence.
And as I groped in
darkness
and felt the pain of
millions,
gradually, like day
driving night across the continent,
I saw dawn upon them
like the sun a vision
of a time when ali
men walk proudly through the earth
and the bombs and
missiles lie at the bottom of the ocean
like the bones of
dinosaurs buried under the shale of eras,
and men strive with
each other not for power or the accumulation of paper
but in joy create for
others the house, the poem, the game of
athletic beauty.
Then washed in the
brightness of this vision,
I saw how in its
radiance would grow and be nourished and suddenly
burst into terrible
and splendid bloom
the blood-red flower
of revolution.
April 26, 1948
O Triunfo da
Revolução
(Diego Rivera: pintor
mexicano)
Rosas e Revoluções
Meditando a respeito
de rosas e revoluções,
vi a noite fechar-se
sobre a terra como uma grande e escura asa,
e as cidades
iluminadas eram como círios na noite,
e escutei os lamentos
de um milhão de corações
queixando-se da vida
e clamando pelo túmulo,
e vi o Negro
estendido no pântano com o rosto rebentado,
e com sua virilidade
difamada nas cidades do norte
e senti o contorcer-se
de suas vísceras como as de uma lebre acossada
ou as de um urso encurralado,
e vi homens labutando
sem alegria em seu trabalho
e abraçando a rameira
de duros olhos com abatida excitação
e deitando-se
impotentes com esposas e virgens.
E enquanto tateava
pela escuridão
e sentia a dor de
milhões,
gradualmente, como se
fosse o dia a conduzir a noite pelo continente,
vi a alvorada sobre
eles como o sol de uma visão
de um tempo em que os
homens caminham orgulhosamente pela terra
e as bombas e os
mísseis jazem no fundo do oceano
como os ossos dos
dinossauros enterrados sob o xisto das eras,
e os homens lutam
entre si não pelo poder ou pelo acúmulo de papel
mas na alegria de
criar para os outros a casa, o poema, o jogo de
atlética beleza.
Então, banhado no brilho
desta visão,
vi como em seu
resplendor cresceria e se nutriria e, de pronto,
irromperia em
florescência terrível e esplêndida
a flor vermelho-sangue
da revolução.
26 de abril de 1948
Referência:
RANDALL, Dudley. Roses
and revolutions. In: HALL, Donald (Ed.). Contemporary american poetry.
Revised and enlarged edition. Selected and introduced by Donald Hall. 2nd ed.
Kingsport, TN: Penguin Books, 1974. p. 43.
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