O roteiro da geração
do poeta assemelha-se ao do grupo “Led Zeppelin”, banda britânica fundada mais
ou menos à altura de seu próprio nascimento, tendo se desfeito em 1980, com o
falecimento repentino de um de seus membros, nomeadamente John Bonham, asfixiado
pelo próprio vômito.
O poema repercute, de
algum modo, o mundo das drogas e os seus efeitos danosos, tão bem resenhados
por Allen Ginsberg no introito de seu poema “Howl” (“Uivo”), aqui
postado: conduzida pelos melhores
ideais, a geração terminou por empreender buscas a “paraísos artificiais”, os
quais, em sua singularidade, podem ser retratados como uma “Escada para o Céu” –
“Stairway to Heaven” –, título de uma famosa canção da aludida banda.
J.A.R. – H.C.
Luiz R. S. Gomes
(n. 1967)
Minha geração se afoga
em drogas
com saudade de um
tempo não vivido
ao som do Led Zeppelin
e ainda se dá ar de
intelectual
ao falar da elegia de
Donne;
acha que mudará o
mundo num dia
que está sempre por
vir
e crê em solução
política
assim como os crentes
na salvação da alma
ou numa escada para o
paraíso;
fala de poesia em
mesas de bar,
mas tirou toda a
poesia do sexo
tornando-o um mero
exercício de autoafirmação
e, no fundo, só quer
ganhar um beijo na boca
para calar sua
solidão.
Led Zeppelin
(Duane Potosky:
artista norte-americano)
Referência:
GOMES, Luiz Roberto
Silva. Stairway to heaven. In: SAVARY, Olga (Organização, seleção, notas e
apresentação). Antologia da nova poesia brasileira. Rio de Janeiro, RJ:
Fundação Rio / Hipocampo, 1992. p. 182.
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