A poetisa enxerga na condição
de ser mãe algo doloroso, contíguo a um sofrimento que faz verter sangue, a título
de uma maldição que teria sido imposta à mulher desde tempos imemoriais, a bem
dizer, tal como assente no comando divino no Gênesis (Gên. 3:16): “Depois Deus
disse à mulher: ‘Você vai ter muitas dores e sofrimentos, quando estiver para
ser mãe e quanto tiver filhos. Todavia, apesar disso, você receberá bem o seu
marido, e ele terá domínio sobre você’”.
A elocução do poema
reflete a relação conflituosa entre os papéis de ser mulher e de ser mãe, de submeter-se
às experiências da sexualidade e de ser capaz de gerar uma vida dentro de si,
trazendo-a à luz: deixe-se registrado, de qualquer forma, que muitas mulheres
abrem mão deliberada e conscientemente da maternidade, em favor de seus propósitos
profissionais ou aspirações que lhes parecem mais relevantes.
J.A.R. – H.C.
Dorothy Wellesley
(1889-1956)
Mother
Woman, thou shalt say
to son:
‘I, the blood, got
thee upon
Nothing but a phallic
stone.
This, no more – a
phallic stone.
Now I wait your
probable death,
I, who was a fact of
earth,
Never held a fainting
faith
In Buddha or in
Christ’s belief.
Life is naught but
bitter moan
Got upon an ancient
stone.’
Some such curse the
woman hath.
June 1939
Uma mãe de Alvito
(August Riedel:
pintor alemão)
Mãe
Mulher, deves dizer
ao teu filho:
‘Eu, o sangue, te concebi
sobre
nada mais do que uma
pedra fálica.
Nada, além disto –
uma pedra fálica.
Agora espero tua
provável morte,
Eu, que fui um fato
da terra,
Nunca tive uma fé
mesmo que tênue
Em Buda ou crença em
Cristo.
A vida não é mais que
um amargo gemido
desatado sobre uma
pedra antiga’.
Alguma maldição assim
tem a mulher.
Junho 1939
Referência:
WELLESLEY, Dorothy.
Mother. In: DOWSON, Jane (Ed.). Women’s poetry of the 1930s: a critical
anthology. 1st publ. London, EN: Routledge, 1996. p. 161.
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