Este é o poema de um pai
que sente que a sua filha promove um voo de despedida de seu ninho familiar,
abandonando os velhos hábitos de conforto ou de aconchego para se ajustar a novos,
deixando para trás todos aqueles que, até então, eram-lhe mais próximos, destarte
já contristados e a revolver sentimentos por tão abrupta separação.
Stern repete a expressão
“como um animal o faria”, para nos revelar que, diante das emoções que lhe embargam
o espírito não haveria tanto a fazer senão agir como se fosse contemporâneo dos
símios ou dos homens das cavernas, com limitados recursos para verbalização,
motivo por que expressa o seu amor pela filha gestualmente, “andando em
círculos, gemendo, tocando-lhe a bochecha”. Afinal, quanto maior a proximidade
ou a intimidade entre as pessoas, tanto mais indeléveis as memórias e os
vínculos criados!
J.A.R. – H.C.
Gerald Stern
(n. 1925)
Waving Goodbye
I wanted to know what
it was like before we
had voices and before
we had bare fingers and before we
had minds to move us
through our actions
and tears to help us
over our feelings,
so I drove my
daughter through the snow to meet
her friend
and filled her car
with suitcases and hugged her
as an animal would,
pressing my forehead against her,
walking in circles,
moaning, touching her cheek,
and turned my head
after them as an animal would,
watching helplessly
as they drove over the ruts,
her smiling face and
her small hand just visible
over the giant
pillows and coat hangers
as they made their
turn into the empty highway.
Acenando adeus ao pai
(Bernard J. Blommers:
pintor holandês)
Acenando Adeus
Gostaria de saber como
era antes que
tivéssemos vozes e
antes que tivéssemos dedos nus
e antes que
tivéssemos mentes
para nos mover através de nossas ações
e lágrimas que nos ajudam
a superar nossos sentimentos;
por isso, conduzi
minha filha em meio à neve para
encontrar sua amiga
e enchi o seu carro
com as malas e abracei-a
como um animal o
faria, pressionando a minha fronte
contra a dela,
andando em círculos,
gemendo, tocando-lhe a bochecha,
e então virei minha
cabeça por trás delas como um animal o faria,
assistindo impotente
enquanto dirigiam sobre os sulcos,
o seu rosto
sorridente e sua pequena mão apenas visível
sobre as almofadas
gigantes e os cabides,
enquanto faziam a sua
curva para a estrada vazia.
Referência:
STERN, Gerald. Waving
goodbye. In: KEILLOR, Garrison (Selector and Introducer). Good poems.
New York, NY: Penguin Books, 2003. p. 193.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário