Movendo-se entre os
dois extremos do relacionamento humano – a solidão e a companhia dos pares –, a
poetisa parece ver nesse copo preenchido à metade o lado mais áspero da
primeira, a julgar pelo título atribuído ao poema. Mas há aqueles que se
comprazem na alegria, a dar crédito às palavras do Coelét: “Assim que tenho
visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque
essa é a sua porção; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?”
(Ec 2:22).
Somos como que ímãs a
atrair o que nos passa pela mente: se nossa energia é a do desencanto, mais
frustações traremos aos nossos dias; se é de afirmação e entusiasmo, todas as
coisas que hão se consubstanciar em nossas veredas lhes serão conformes. Por
que esse estado de ânimo assim lúgubre? Dá ao mundo um sorriso e o dia ser-te-á
revérbero em cortesias! Simples assim!
J.A.R. – H.C.
Ella Wheeler Wilcox
(1850-1919)
Solitude
Laugh, and the world
laughs with you;
Weep, and you weep
alone;
For the sad old earth
must borrow its mirth,
But has trouble
enough of its own.
Sing, and the hills
will answer;
Sigh, it is lost on
the air;
The echoes bound to a
joyful sound,
But shrink from
voicing care.
Rejoice, and men will
seek you;
Grieve, and they turn
and go;
They want full
measure of all your pleasure,
But they do not need
your woe.
Be glad, and your
friends are many;
Be sad, and you lose
them all,–
There are none to
decline your nectared wine,
But alone you must
drink life’s gall.
Feast, and your halls
are crowded;
Fast, and the world
goes by.
Succeed and give, and
it helps you live,
But no man can help
you die.
There is room in the
halls of pleasure
For a large and
lordly train,
But one by one we
must all file on
Through the narrow
aisles of pain.
Solidão
(Frederic Leighton:
pintor inglês)
Solidão
Ri e o mundo rirá
contigo;
Chora e chorarás
sozinho;
Pois a velha e triste
Terra há de apropriar-se
de tua alegria,
Já que poucos não são
os seus problemas.
Canta e as colinas
responderão;
Suspira e teu suspiro
se dissipará no ar;
Os ecos se unem a um
som de júbilo,
Porém evitam
expressar desassossego.
Rejubila-te e todos
te buscarão;
Lamenta-te, e logo
partirão dando-te as costas;
Querem a completa medida
de todo teu prazer,
Mas não necessitam de
tua aflição.
Alegra-te e teus
amigos serão muitos;
Entristece-te e os
perderás a todos;
Não há nenhum a
recusar o teu vinho saboroso,
Mas a sós tragarás o
fel da vida.
Festeja e teus salões
se encherão de gente;
Abstém-te e o mundo passará
ao largo.
Triunfa e doa, e isso
te ajudará a viver.
Mas ninguém há de
ajudar-te a morrer.
Há lugar nos salões
do prazer
Para um trem grande e
majestoso,
Porém, um a um, todos
temos de passar
Pelos estreitos corredores
da dor.
Referência:
WILCOX, Ella Wheeler.
Solitude. In: KEILLOR, Garrison (Selector and Introducer). Good poems.
New York, NY: Penguin Books, 2003. p. 254.
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