Por trás das palavras
do poeta, a comum intuição de que a paz e o silêncio são elementos indispensáveis
para se conseguir estados d’alma felizes: as imagens evocadas por Pope, no
entanto, são em sua maioria de um ‘modus vivendi’ pastoril e, para serem vertidas
ao nosso frenético mundo citadino, necessitam de algumas “convolações”.
O anelo por ser
reconhecido ou famoso é indiciário de uma sociedade às voltas com a
indispensabilidade do sucesso, levando muitos, não tão infrequentemente, até a
doença mental, caso não logrem se estabelecer perante a família, os amigos e o
público em geral. Daí a importância da mensagem subjacente aos versos do poeta:
dignidade e paz de espírito, anonimato e despretensão, são valores mais propensos
a nos levar por sendas de equilíbrio!
J.A.R. – H.C.
Alexander Pope
(1688-1744)
(retrato por Michael Dahl)
Ode on Solitude
Happy the man, whose
wish and care
A few paternal acres
bound,
Content to breathe
his native air
In his own ground.
Whose herds with
milk, whose fields with bread,
Whose flocks supply
him with attire,
Whose trees in summer
yield him shade,
In winter fire.
Blest, who can
unconcernedly find
Hours, days, and
years slide soft away,
In health of body,
peace of mind,
Quiet by day.
Sound sleep by night;
study and ease,
Together mixed; sweet
recreation:
And innocence, which
most does please,
With meditation.
Thus let me live,
unseen, unknown,
Thus unlamented let
me die,
Steal from the world,
and not a stone
Tell where I lie.
Composed c. 1700
First published 1717
Solidão
(Monica Piazzetta:
artista italiana)
Ode à Solidão
Feliz o homem cujo
desejo e zelo
Limitam-se a alguns
acres paternos,
Contente por respirar
o seu ar nativo
Em seu próprio solo.
Cujas reses lhe
fornecem leite, os campos, pão,
Os rebanhos,
vestimentas;
Cujas árvores no
verão dão-lhe sombra,
E fogo no inverno.
Bendito aquele que,
sem preocupar-se, pode
Ver passar horas,
dias e anos, suavemente,
Com saúde física e
paz mental.
Sereno em sua
jornada.
Sono profundo durante
a noite; estudo e descanso,
Entremesclados; doce lazer:
E inocência, que é o
que mais compraz,
Junto à meditação.
Assim, deixa-me
viver, sem ser visto nem conhecido,
Deixa-me morrer,
assim, sem lamentos,
Arrebatado ao mundo, sem
uma pedra
Sequer a revelar o
meu jazigo.
Composto por volta de
1700
Primeira publicação
em 1717
Referência:
POPE, Alexander. Ode
on solitude. In: __________. Selected poetry and prose. Edited by Robin
Sowerby. 1st. publ. London, EN: Routledge, 1988. p. 31. (‘Routledge English
Texts’)
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