Curto como se mostra, mas pleno de significados, este poema tem o condão de nos fazer refletir sobre o que, de fato, faz parte de nossa personalidade, de nossa história, de nossa identidade ou de nosso trato, mas que preferimos ocultar das outras pessoas, ainda que às custas de muita exaustão mental, tudo para manter uma aparência – as “máscaras” do título – de sucesso ou seja o que for.
O ônus de não sermos verdadeiros conosco mesmos revela-se pela perda de oportunidades de encontro, de nos conectarmos com outras pessoas que se nos pareçam, com similares gostos ou semelhanças, de compartilharmos experiências de vida num contexto amoroso, compreensivo ou mesmo tolerante.
Cumpre-nos ponderar sobre as dificuldades e as razões para a não aceitação dos pontos que cogitamos negar – se julgamos que a revelação possa nos tornar vulneráveis –, até mesmo em face do que terá motivado tal comportamento – se traumas, transtornos psíquicos ou outras interferências endógenas ou exógenas –, porque se formos incapazes de nos assumir da forma como somos – acobertando nossa “pele azul” –, bem mais difícil será encontrar alguém que possa nos aceitar e compreender.
J.A.R. – H.C.
Shel Silverstein
(1930-1999)
Masks
She had blue skin,
And so did he.
He kept it hid
And so did she.
They searched for blue
Their whole life through.
Then passed right by –
And never knew.
Desenho do próprio
autor para o poema
Máscaras
Ela tinha a pele azul,
Assim como ele.
Ele a ocultava,
Assim como ela.
Estiveram em busca do azul
Ao longo de toda a vida.
Então, um passou ao lado do outro –
E jamais suspeitaram.
Referência:
SILVERSTEIN, Shel. Masks. In:
__________. Every thing on it: poems and drawings by author. New York,
NY: HarperCollins, 2011. p. 20.
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