Jesus no presépio é uma criança a representar todos os infantes nascidos em situação de carência, inimputáveis, ou melhor, inocentes de todos os câmbios nos propósitos humanos, não exatamente aqueles que se associam a virtudes, senão os que rebaixam o espírito – desfigurando a alma tão devotada aos seus sagrados desígnios.
Assoma-nos este poema, elaborado pelo escritor e presbítero francês, como uma prece a Cristo, para que reaviva no coração do ente lírico a imagem, as palavras e a história de vida daquele que, como ninguém, marcou de forma indelével a história da civilização ocidental, seus cânones morais e jurídicos, a arte e a filosofia.
J.A.R. – H.C.
Michel Quoist
(1918-1997)
L’enfant
Un instant la maman a laissé la voiture
d’enfant, et je me suis approché
pour rencontrer la Sainte Trinité
vivante en l’âme pure.
L’enfant dort, ses bras jetés em
désordre sur le petit drap brodé.
Les yeux clos regardent à l’intérieur
et la poitrine doucement se soulève.
Il semble que la vie murmure: la Maison
est habitée.
Seigneur, tu es là.
Je t’adore en ce petit qui ne t’a pas
encore défiguré.
Aide-moi à redevenir comme lui.
À retrouver ton image et ta Vie,
si loin en mon cœur enfouies.
Natividade (detalhe)
(Giovanni Comandu: pintor italiano)
A criança
A mamãe deixou um momento o carrinho
da criança, e eu me acheguei para
encontrar, bem viva na alma pura,
a Santíssima Trindade.
A criança está dormindo, os bracinhos jogados
em desordem sobre o lençol bordado.
Os olhos cerrados olham para dentro,
e o peito arqueja docemente.
A vida parece que murmura: a casa
é habitada.
Senhor, lá estás.
Adoro-te neste pequenino que não
Te desfigurou ainda.
Ajuda-me a ficar de novo como ele.
A encontrar outra vez Tua imagem e Tua vida,
escondidas tão fundo no meu coração.
Referências:
QUOIST, Michel. L’enfant. In: __________. Prières. Paris, FR: Les Éditions de l’Atelier / Éditions Ouvrières, 2003. p. 36.
QUOIST, Michel. A criança. Tradução de
Lucas Moreira Neves. 9. ed. In: __________. Poemas para rezar. São
Paulo, SP: Livraria Duas Cidades, ago. 1961. p. 38.
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