Buscar neutralidade estética ou política quando se é negro e se vive experiências de opressão nem sempre condiz com uma experiência libertadora e de quase catarse que é a criação literária: não se veem razões suficientes para obliterar parte dos momentos por que passamos em vida, somente porque poderão se exteriorizar como controversos aos olhos de terceiros.
A vida é totalidade! E se alguns se comprazem em cantar loas a um “unicórnio branco” – distintivo do purismo e, quiçá, do desengajamento social ou mesmo da mais inócua abstração –, outros preferem questionar como erigidos os dias, lançando reptos capazes de materializar transformações que visem a um equilíbrio nas relações humanas – como se subentende em Randall. E há espaço para todas as estéticas, quer assépticas quer comprometidas!
J.A.R. – H.C.
Dudley Randall
(1914-2000)
Black Poet, White Critic
A critic advises
not to write on controversial subjects
like freedom or murder,
but to treat universal themes
and timeless symbols
like the white unicorn.
A white unicorn?
Unicórnio e Víbora
(Johfra Bosschart: artista holandês)
Poeta Negro, Crítico Branco
Um crítico aconselha
a não se escrever sobre temas controversos
como a liberdade e o assassinato,
senão para tratar de temas universais
e símbolos atemporais
como o unicórnio branco.
Um unicórnio branco?
Referência:
RANDALL, Duddley. Black poet, white
critic. In: MAYES, Frances. The discovery of poetry: a field guide to
reading and writing poems. 1st Harvest ed. San Diego, CA: Harvest &
Harcout, 2001. p. 420.
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