Uma poesia que se pretende vocacionada aos derrotados ao longo da existência, a saber, vencidos sob o peso da cogente roleta humana, desafortunados que, calados à força, ficam à margem da história oficial: sobram as palavras quando o poeta dedica-se a cantar-lhes os infaustos passos, pois que embargadas num instante poético que se erode frente ao silêncio.
Essa poesia “paciente e obstinada”, do mesmo modo, direciona-se a descrever as coisas “intranscendentes” e sem “nenhuma importância”, pelas quais passa o poeta: assim, algo singela em seus propósitos, o vate quase se indulta de ela, eventualmente, não chegar à alma do leitor, de ela nada lhe dizer, em razão de sua aparente desambição.
J.A.R. – H.C.
Horacio Salazar Ortiz
(1933-2004)
Pobre de Mi Poesía
Pobre de mi poesía
que nunca dijo nada
por todos los vencidos
en la ruleta humana,
que van por la existencia
sin amor y sin habla.
Pobre de mi poesía,
que siendo solidaria
de todos los que sufren,
de todos los que callan,
cuando quiso decirlo
le sobraron palabras.
Pobre de mi poesía,
paciente y obstinada,
tratando de contar
las cosas que me pasan,
cosas intrascendentes,
sin ninguna importancia.
Pobre de mi poesía
si no llegó a tu alma.
Pobre de mi poesía
si no te dijo nada.
(30 de abril de 1982)
Inferno – Canto 12 – Divina Comédia
(Salvador Dalí: pintor espanhol)
Pobre de Minha Poesia
Pobre de minha poesia
que nunca disse nada
por todos os vencidos
na roleta humana,
que vão pela existência
sem amor e sem fala.
Pobre de minha poesia,
que sendo solidária
com todos os que sofrem,
com todos os que calam,
quando quis dizê-lo
sobraram-lhe as palavras.
Pobre de minha poesia,
paciente e obstinada,
tratando de contar
as coisar pelas quais passo,
coisas intranscendentes,
sem nenhuma importância.
Pobre de minha poesia
se não chegou à tua alma,
Pobre de minha poesia
se não te disse nada.
(30 de abril de 1982)
Referência:
ORTIZ, Horacio Salazar. Pobre de mi
poesía. In: __________. Elegía sonámbula y otros poemas. Preparatoria n.
1. Monterrey, MX: Universidad Autónoma de Nuevo León, 1984. p. 12. (‘Las Uvas y
el Viento; n. 4)
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