Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Carlos Pellicer - Esta noite a Noite

Estes versos do poeta mexicano, redigidos em 23 de dezembro de 1973 – uma data como hoje –, em Las Lomas de Chapultepec (México-DF), onde residia, são genuína prece por um Natal de paz, de concórdia entre os homens, ideia que se materializa com o nascimento de Cristo e sua mensagem de verdade, fé e esperança por um mundo melhor.

Notam-se no poema interessantes mutações tipográficas – v.g., “sonho” e “Sonho”, “amor” e “Amor” – para demarcar distintos sentidos para as palavras: “Amor” como representação ou simbolismo para a figura excelsa de Jesus, objeto de humanas aspirações, a configurarem um “sonho” que se acalanta por meio de bem-intencionadas manifestações de “amor”.

J.A.R. – H.C.

 

Carlos Pellicer

(1897-1977)

 

Esta noche la Noche

 

Esta noche la Noche

sueña en su sueño

lo que nunca ha soñado.

El campo canta

lo que en un sueño

no fue cantado.

Desde su modo,

en maderas,

hablan los árboles

de estar, para siempre,

cortados, un día,

con los brazos abiertos,

para siempre, para siempre.

El Amor que ha nacido,

tendrá siempre los brazos abiertos.

Ese Amor, como el cielo,

espera amor.

Vivimos a espaldas

de ese Amor.

¿En qué jardín

como ese Amor

habrá una flor?

Amor sin celos,

amor de dar,

amor de Cristo,

amor de amor.

Este amor es la paz.

La luz es abrir,

no cerrar.

Cristo es la paz y el amor

porque quiere,

para todo y para todos,

amor.

Esta es la noche profunda

del Señor.

Esta es la noche de luz

del amor.

Señor, haz que te amemos

para merecer la paz.

 

Las Lomas, 23 de diciembre de 1973

 

A Virgem do Véu

(Ambrogio Borgognone: pintor italiano)

 

Esta noite a Noite

 

Esta noite a Noite

sonha em seu sonho

com o que nunca sonhara.

O campo canta

o que em um sonho

jamais se cantara.

A seu modo,

nos bosques,

as árvores falam

em estar, para sempre,

cortadas, um dia,

com os braços abertos,

para sempre, para sempre.

O amor que nasceu

sempre terá os braços abertos.

Esse Amor, como o céu,

espera por amor.

Vivemos às costas

desse Amor.

Em que jardim

haverá uma flor

como esse Amor?

Amor sem ciúmes,

amor de entrega,

amor de Cristo,

amor de amor.

Este amor é a paz.

A luz é abrir,

não fechar.

Cristo é a paz e o amor

porque deseja,

para tudo e para todos,

amor.

Esta é a noite profunda

do Senhor.

Esta é a noite de luz

do amor.

Senhor, fazei que vos amemos

para merecer a paz.

 

Las Lomas, 23 de dezembro de 1973


Referência:

PELLICER. Carlos. Esta noche a noche. In: __________. Obras: poesía. Edición de Luis Mario Schneider. 2. ed. 2. reimp. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 2013. p. 768-769. (Colección ‘Letras Mexicanas’)

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