Estes versos do poeta mexicano, redigidos em 23 de dezembro de 1973 – uma data como hoje –, em Las Lomas de Chapultepec (México-DF), onde residia, são genuína prece por um Natal de paz, de concórdia entre os homens, ideia que se materializa com o nascimento de Cristo e sua mensagem de verdade, fé e esperança por um mundo melhor.
Notam-se no poema interessantes mutações tipográficas – v.g., “sonho” e “Sonho”, “amor” e “Amor” – para demarcar distintos sentidos para as palavras: “Amor” como representação ou simbolismo para a figura excelsa de Jesus, objeto de humanas aspirações, a configurarem um “sonho” que se acalanta por meio de bem-intencionadas manifestações de “amor”.
J.A.R. – H.C.
Carlos Pellicer
(1897-1977)
Esta noche la Noche
Esta noche la Noche
sueña en su sueño
lo que nunca ha soñado.
El campo canta
lo que en un sueño
no fue cantado.
Desde su modo,
en maderas,
hablan los árboles
de estar, para siempre,
cortados, un día,
con los brazos abiertos,
para siempre, para siempre.
El Amor que ha nacido,
tendrá siempre los brazos abiertos.
Ese Amor, como el cielo,
espera amor.
Vivimos a espaldas
de ese Amor.
¿En qué jardín
como ese Amor
habrá una flor?
Amor sin celos,
amor de dar,
amor de Cristo,
amor de amor.
Este amor es la paz.
La luz es abrir,
no cerrar.
Cristo es la paz y el amor
porque quiere,
para todo y para todos,
amor.
Esta es la noche profunda
del Señor.
Esta es la noche de luz
del amor.
Señor, haz que te amemos
para merecer la paz.
Las Lomas, 23 de diciembre de 1973
A Virgem do Véu
(Ambrogio Borgognone: pintor italiano)
Esta noite a Noite
Esta noite a Noite
sonha em seu sonho
com o que nunca sonhara.
O campo canta
o que em um sonho
jamais se cantara.
A seu modo,
nos bosques,
as árvores falam
em estar, para sempre,
cortadas, um dia,
com os braços abertos,
para sempre, para sempre.
O amor que nasceu
sempre terá os braços abertos.
Esse Amor, como o céu,
espera por amor.
Vivemos às costas
desse Amor.
Em que jardim
haverá uma flor
como esse Amor?
Amor sem ciúmes,
amor de entrega,
amor de Cristo,
amor de amor.
Este amor é a paz.
A luz é abrir,
não fechar.
Cristo é a paz e o amor
porque deseja,
para tudo e para todos,
amor.
Esta é a noite profunda
do Senhor.
Esta é a noite de luz
do amor.
Senhor, fazei que vos amemos
para merecer a paz.
Las Lomas, 23 de dezembro de 1973
Referência:
PELLICER. Carlos. Esta noche a noche.
In: __________. Obras: poesía. Edición de Luis Mario Schneider. 2. ed.
2. reimp. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 2013. p. 768-769. (Colección
‘Letras Mexicanas’)
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