Muito embora os versos deste poema pareçam corresponder à verbalização de uma pintura, com alguns laivos de natureza-morta, de fato, trata-se de cena que procura mostrar a ambientação de um quarto – não se sabe bem se de uma residência ou de um hotel – a tomar as últimas luzes do dia na ilha atlântica de Nantucket, no Estado de Massachusetts (EUA).
Tem-se a descrição objetiva de um espaço íntimo limpo, fresco e aromado, sem excesso nas palavras, tudo muito simples – tão simples quanto o próprio recinto retratado –, onde as superfícies brilham num claro lume: as imagens valem por si mesmas e tentam apreender a contingência do momento, num provável recesso laboral do poeta.
J.A.R. – H.C.
William Carlos Williams
(1883-1963)
Nantucket
Flowers through the window
lavender and yellow
changed by white curtains –
Smell of cleanliness –
Sunshine of late afternoon –
On the glass tray
a glass pitcher, the tumbler
turned down, by which
a key is lying – And the
immaculate white bed
A Janela para o Jardim
(Daniel F. Gerhartz: pintor norte-americano)
Nantucket
Flores através da janela
lilases e amarelas
alteradas por cortinas brancas –
Cheiro de limpeza –
Brilho do sol ao cair da tarde –
Sobre a bandeja de vidro
um jarro de vidro, o copo
virado para baixo, junto ao qual
repousa uma chave – E o
imaculado leito branco
Referência:
WILLIAMS, William Carlos. Nantucket. In:
MAYES, Frances. The discovery of poetry: a field guide to reading and
writing poems. 1st Harvest ed. San Diego, CA: Harvest & Harcout, 2001. p.
75.
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