Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

William Carlos Williams - Nantucket

Muito embora os versos deste poema pareçam corresponder à verbalização de uma pintura, com alguns laivos de natureza-morta, de fato, trata-se de cena que procura mostrar a ambientação de um quarto – não se sabe bem se de uma residência ou de um hotel – a tomar as últimas luzes do dia na ilha atlântica de Nantucket, no Estado de Massachusetts (EUA).

Tem-se a descrição objetiva de um espaço íntimo limpo, fresco e aromado, sem excesso nas palavras, tudo muito simples – tão simples quanto o próprio recinto retratado –, onde as superfícies brilham num claro lume: as imagens valem por si mesmas e tentam apreender a contingência do momento, num provável recesso laboral do poeta.

J.A.R. – H.C.

 

William Carlos Williams

(1883-1963)

 

Nantucket

 

Flowers through the window

lavender and yellow

 

changed by white curtains –

Smell of cleanliness –

 

Sunshine of late afternoon –

On the glass tray

 

a glass pitcher, the tumbler

turned down, by which

 

a key is lying – And the

immaculate white bed

 

A Janela para o Jardim

(Daniel F. Gerhartz: pintor norte-americano)

 

Nantucket


Flores através da janela

lilases e amarelas


alteradas por cortinas brancas –

Cheiro de limpeza –


Brilho do sol ao cair da tarde –

Sobre a bandeja de vidro

 

um jarro de vidro, o copo

virado para baixo, junto ao qual


repousa uma chave – E o

imaculado leito branco


Referência:

WILLIAMS, William Carlos. Nantucket. In: MAYES, Frances. The discovery of poetry: a field guide to reading and writing poems. 1st Harvest ed. San Diego, CA: Harvest & Harcout, 2001. p. 75.

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