Muito recomendáveis! Assim veio-me à mente, com um tom algo motejador, a síntese apresentada por Murilo Leal relativamente aos seus mais diletos poetas. É que, ao mesmo tempo, associei tais versos a certa passagem da letra “Ideologia” (1988), do Cazuza: “Meus heróis morreram de overdose; / Meus inimigos estão no Poder.” Heróis muito recomendáveis, pois! (rs)
Uma breve nota: os dois versos finais destoam, de certa forma, das demais linhas do poema, pois, até onde me parece, ser socialista ou comunista, tanto mais à época de Maiakowski ainda vivo, não se poderia qualificar como opção hábil a inserir qualquer um na faixa externa do desvio-padrão daquela sociedade. Melhor seria tê-lo alinhado, enquanto suicida, ao verso onde constam Maupassant e Hemingway. Mas aí seria pretender violar o que aqueles derradeiros versos representam para o próprio poeta e para os leitores!
J.A.R. – H.C.
Cláudio Murilo Leal
(n. 1937)
Meus poetas prediletos
Ezra Pound era paranoico,
Dostoiewski jogador, bêbado e epilético,
Hõlderlin esquizofrênico,
Nietzsche megalômano,
Jarry e Artaud, doidos,
Juan Ramón Jimenez neurastênico,
Maupassant e Hemingway suicidas,
Villon, ladrão,
Gide, Genet e caterva, bichas...
com que gente fui-me meter.
Além do mais,
Maiakowski era comunista.
Em: “As guerras púnicas” (1990)
Encontro de poetas no estúdio do artista
(Antonio María Esquivel: pintor espanhol)
Referência:
LEAL, Cláudio Murilo. Meus poetas
prediletos. In: __________. Módulos: 1959-1998. Rio de Janeiro, RJ:
Sette Letras, 1998. p. 37. (Ministério da Cultura – Fundação Biblioteca
Nacional – Departamento Nacional do Livro; Universidade de Mogi das Cruzes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário