Dois rapazes, frente a frente, que bem poderiam representar alguém (o único rapaz do título) a usufruir momentos lúdicos – artificiosos ou não, a depender de quem os contemplem –, num cavalgar sobre árvores, onde andorinhas põem-se a revolutear e a ricochetear sobre a superfície de um lago contíguo, tudo sob o olhar atento, expandido por binóculos, do ente lírico a descrever a cena.
O que surpreende no poema é o recurso empregado pelo poeta ao recorrer deliberadamente a verbos que apreendem muitas e distintas ações, o que na versão a outro idioma – como o português, no caso – engendra perdas, pois ao se escolher um equivalente na língua de Camões, no mais das vezes as demais conexões sugeridas no original ficam desvanecidas ou ausentes.
J.A.R. – H.C.
Robert Francis
(1901-1987)
Boy Riding Forward Backward
Presto, pronto!
Two boys, two horses.
But the boy on backward riding forward
Is the boy to watch.
He rides the forward horse and laughs
In the face of the forward boy on the backward
horse, and he laughs
Back and the horses laugh. They gallop.
The trick is the cool barefaced pretense
There is no trick.
They might be flying, face to face,
On a fast train.
They might be whitecaps
Hot-cool-headed,
One curling backward, one curving forward,
Racing a rivalry of waves.
They might, they might –
Across a blue of lake, through trees,
And half a mile away I caught them:
Two boys, two horses.
Through trees and through binoculars
Sweeping for birds.
Oh, they were birds
All right, all right.
Swallows that weave and wave and sweep
And skim and swoop and skitter until
The last trees take them.
Menino sobre um pônei Shetland
(Arthur James Melhuish: pintor inglês)
Rapaz a Cavalgar Para Frente e Para
Trás
Presto, pronto! Dois rapazes, dois cavalos.
Mas o rapaz cavalgando de costas para frente
É o rapaz a observar.
Ele monta o cavalo da frente e ri-se
Na cara do rapaz montado de frente no cavalo
De trás, e ele ri-se
De volta e os cavalos riem-se. Galopam.
A trama é a falsa aparência, fria e sem disfarce,
De que não há trama.
Podem estar em disparada, frente a frente,
Num trem rápido. Podem ser vagas de cristas espumosas,
Uma calma outra impetuosa,
Uma a ondear para trás, outra a ondear para frente,
Competindo numa rivalidade de vagas.
Eles podem, eles podem...
Do outro lado do azul do lago, por entre as
árvores,
E a meia milha de distância eu os apanhei:
Dois rapazes, dois cavalos.
Por entre as árvores e mediante binóculos
A vasculhar pássaros. Oh, eram pássaros:
Pois bem, pois bem.
Andorinhas que serpeiam e ondulam e volteiam
E baixam à tona e arremetem e fisgam até
Que as últimas árvores as levem.
Referência:
FRANCIS, Robert. Boy riding forward
backward. In: MAYES, Frances. The discovery of poetry: a field guide to
reading and writing poems. 1st Harvest ed. San Diego, CA: Harvest &
Harcout, 2001. p. 464.
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