Todas as coisas, especialmente as belas e surpreendentes, podem ser tema de poemas – pérolas e paetês, até jujubas ou aspirinas –, porque detêm algum significado para nós, não como garoas evanescentes, senão como matérias sólidas, feito rochas, presentes nos mais singulares momentos ou em locais onde delas menos há premência, como numa frente militar ou num esquife.
As coisas se passam como se revelassem as suas singularidades, seus distintivos pormenores a cada manhã, logrando desvelar ao espírito o sentido pelo qual existem, proporcionando ao poeta o móbil a ser manejado para que venha a verter em palavras a poesia subjacente em que envoltas.
J.A.R. – H.C.
Frank O’Hara
(1926-1966)
Today
Oh! kangaroos, sequins, chocolate sodas!
You really are beautiful! Pearls,
harmonicas, jujubes, aspirins! all
the stuff they’ve always talked about
still makes a poem a surprise!
These things are with us every day
even on beachheads and biers. They
do have meaning. They’re strong as rocks.
Painel da série “Harmônica”
(Nicky Shane: artista norte-americano)
Hoje
Oh! cangurus, paetês, sodas de chocolate!
Sois realmente um encanto! Pérolas,
harmônicas, jujubas, aspirinas! todas
as coisas sobre as quais sempre se fala
ainda fazem de um poema uma surpresa!
Essas coisas estão conosco todos os dias
mesmo em frentes militares e esquifes. Têm
elas um significado. São fortes como rochas.
Referência:
O’HARA, Frank. Today. In: MAYES,
Frances. The discovery of poetry: a field guide to Reading and writing
poems. 1st Harvest ed. San Diego, CA: Harvest & Harcout, 2001. p. 65.
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