Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Bandeira Tribuzi - Arte Poética

Na combinação de pensamentos e de sentimentos, segundo o poeta maranhense, o “poema pensaria emoções” e “sentiria ideias”: poemas, de fato, convertem ideias ou emoções em palavras, de onde o leitor há de haurir a poesia, num exercício de inteligibilidade ou, muitas vezes, entrando em ressonância com os seus encantos sensoriais.

Vejam-se as imagens e símbolos a que recorre Tribuzi, associando-os à própria prática de dispor os versos sobre a folha em branco: é para isso que serve a poesia – assinalemos –, para manter em aberto o “o reino das palavras”, ou até mesmo para se especular sobre a sua entidade – esse enigma a que tantos já se entregaram a deslindá-lo, mas cujo caudal, ainda agora, encontra-se bem aquém das suas linhas de circunscrição.

J.A.R. – H.C.

 

Bandeira Tribuzi

(1927-1977)

 

Arte Poética

 

Do pensamento e dos sentidos

flui o rio dos poemas.

O punhal da inteligência

vibra tenso no alvo.

O fio de sangue que brota

é emoção colorida e pura,

rubra chama em que se queima

o coração apunhalado.

Fria

lâmina de punhal cravado,

a razão ordena

o que a emoção incendeia.

No papel impresso, o poema

pensa emoções e sente ideias.

 

Em: “Rosa da Esperança” (1950)

 

O golpe no coração

(René F. G. Magritte: pintor belga)


Referência:

TRIBUZI, Bandeira. Arte poética. In: __________. Obra poética. São Paulo, SP: Siciliano, 2002. p. 75.

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