Em quatro formulações impugnatórias sobre realidades contrastantes que, aos simples mortais, chegam a ser triviais – vida / morte, amor / luxúria, primeiro / último e espaço / tempo –, a poetisa inglesa colaciona as parelhas que lhes corresponderiam, a bem ver, para além da excessiva simplificação que conferimos àquelas dicotômicas questões.
De fato, são aforismos a transladar a terceiras perspectivas o significado daqueles temas tão caros à filosofia ou mesmo à ciência, grafando-os todos em maiúsculas: a voz lírica apreende algo intuitivamente os estados cognitivos de cada díade antinômica e, num jogo de expansão e de retração de ideias, deixa pender nos versos os rastros anímicos de seu exercício analítico.
J.A.R. – H.C.
Mina Loy
(1882-1966)
There is no Life or Death
There is no Life or Death,
Only activity
And in the absolute
Is no declivity.
There is no Love or Lust
Only propensity
Who would possess
Is a nonentity.
There is no First or Last
Only equality
And who would rule
Joins the majority
There is no Space or Time
Only intensity,
And tame things
Have no immensity.
Árvores da Vida e da Morte
(Lakhveer Azad: artista britânico)
Não há Vida nem Morte
Não há Vida nem Morte
Apenas atividade
E na plenitude
Não há debilidade.
Não há Amor nem Desejo
Apenas vontade
Quem queria possuir
Tornou-se nulidade.
Não há Primeiro nem Último
Apenas Igualdade
E quem iria dominar
Juntou-se à comunidade.
Não há Espaço nem Tempo
Apenas intensidade,
E as coisas dóceis
Não têm grandiosidade.
Referência:
LOY, Mina. There is no life or death /
Não há vida nem morte. Tradução de Vanderley Mendonça. In: MENDONÇA, Vanderley
(Ed.). Lira argenta: poesia em tradução. Edição bilíngue. São Paulo, SP:
Selo Demônio Negro, 2017. Em inglês: p. 200; em português: p. 201.
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