A perspectiva sobre a velhice e a hipotética sabedoria, advinda como consectário efeito, pouco representam ao olhar do poeta alemão, pois que lhe parecem vestígios de acomodação, num terreno cujo relevo deixou há muito de ser acidentado, senão uma “superfície lisa” por onde se voga a justificar quaisquer fraquezas humanas.
Adverte-nos Fontane que, em idade avançada, resolvidos estão todos os nossos problemas – mesmo aqueles para os quais não provemos soluções, pois já não há como torná-los agora merecedores de remédio –, motivo por que algumas coisas funcionam, outras tantas não: para se aprestarem a dar jeito em algo, aos mais idosos somente um “sermão” para fazê-los parecer crianças, levando-os a correr em busca de uma deliberação sem tardança!
J.A.R. – H.C.
Theodor Fontane
(1819-1898)
Man wird nicht besser mit den Jahren
Man wird nicht besser mit den Jahren,
Wie sollt’ es auch, man wird bequem
Und bringt, um sich die Reu’ zu sparen,
Die Fehler all in ein System.
Das gibt dann eine glatte Fläche,
Man gleitet unbehindert fort,
Und “allgemeine Menschenschwäche”
Wird unser Trost – und Losungswort.
Die Fragen alle sind erledigt,
Das eine geht, das andre nicht,
Nur manchmal eine stumme Predigt
Hält uns der Kinder Angesicht.
O Violinista
(Gerard ter Borch: pintor holandês)
Não se fica melhor com os anos
Não se fica melhor com os anos
Também pudera, fica-se acomodado
Alinhando, para se poupar do arrependimento,
Os erros todos num sistema.
Isso então produz uma superfície lisa,
Desliza-se desimpedidamente sem parar,
E a “comum fraqueza humana”
Torna-se nossa palavra de consolo e lema.
As perguntas todas estão resolvidas,
Uma coisa funciona, outra não,
Só às vezes um tácito sermão
Nos dá das crianças a face.
Referência:
FONTANE, Theodor. Man wird nicht besser
mit den jahren / Não se fica melhor com os anos. Tradução de Dionei Mathias. In:
MATHIAS, Dionei. Alterslyrik / Poesia de Idade. (n.t.) Revista Literária de
Tradução. Florianópolis, SC. Edição bilíngue semestral, ano 8, n. 14, 1.
vol., jun. 2017. Em alemão: p. 25; em português: p. 45. Disponível neste endereço. Acesso em: 20 mai.
2021.
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