Uma segunda chance para viver a vida de uma forma mais significativa, longe do açodamento imposto pela sociedade capitalista, a pressionar para que tenhamos tudo a consumo no aqui e agora, numa espécie alegórica de morte, bem apreendida pela poetisa norte-americana nos versos hoje trazidos ao agrado do internauta.
À sociedade de consumo apraz subtrair-nos o sentido de prioridade em relação às coisas e aos fatos da vida, com objetivo de impor-nos as suas próprias prioridades, roubando-nos os preciosos tempo e dinheiro: cumpre-nos manter a serenidade, empreendendo uma volta dos umbrais da morte ao marco zero de nosso estado de consciência, agora para dispormos de muito mais tempo em nosso favor.
J.A.R. – H.C.
Dara Wier
(n. 1949)
A Long Time More
I will say to you let’s go
when we are dead together.
Let’s not be dead any longer,
not there with all the already gone,
not where nothing we want we’ll know,
no more I have to have this now,
no more not one time more not ever.
Back where we’ve come from,
back there we’ll go.
We will be thirsty again together
and find food and clothes and comfort,
and this time take time
this time neither too fast
this time ever more slow.
Passado e Presente (nº 2)
(Augustus Leopold Egg: pintor inglês)
Muito Mais Tempo
Hei de dizer-te para retirar-nos
quando juntos estivermos mortos.
Não estejamos mortos por mais algum tempo,
não nesse lugar com tudo o que já se foi,
não onde nada do que almejamos vivenciaremos,
não mais o ‘tenho que dispor disto agora’,
não mais, nem mais uma vez, nem nunca.
Em regresso ao ponto de onde viemos,
de volta para lá partiremos.
Voltaremos a ter sede juntos
e encontraremos alimentos, roupas e conforto,
e desta vez mais delongadamente,
desta vez não muito depressa,
desta vez sempre mais devagar.
Referência:
WIER, Dara. A long time more. In:
MAYES, Frances. The discovery of poetry: a field guide to Reading and
writing poems. 1st Harvest ed. San Diego, CA: Harvest & Harcout, 2001. p.
24.
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