Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Waly Salomão - Cátedra de literatura comparada

Salomão enceta aqui uma paródia erótica, titulando-a com um ramo da teoria literária que examina os textos com foco em variegados pontos de interesse, entre os quais os relativos às intertextualidades, claramente presentes nos aludidos versos do poeta baiano, a replicar parte das primeiras linhas de um dos mais sublimes poemas da literatura brasileira, nomeadamente, “A Máquina do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade.

Veja-se: “E como eu palmilhasse vagamente / uma estrada de Minas, pedregosa, / e no fecho da tarde um sino rouco (...)”. Em outras palavras: a estrada pedregosa de Minas, palmilhada pelo ente lírico ao cair da tarde, converteu-se no itinerário de uma libertina relação trilhada pelo falante entre os seios e as genitais da amada.

J.A.R. – H.C.

 

Waly Salomão

(1943-2003)

 

Cátedra de literatura comparada

 

E como eu palmilhasse tesudamente

(sento-lhe a vara e a chula língua afiada,

salpico-lhe saliva, baba, porra)

a estrada, pedregosa, do mamilo

e, pentelhuda, do monte de Vênus...

 

Júpiter e Antíope

(Nicolas Poussin: pintor francês)


Referência:

SALOMÃO, Waly. Cátedra de literatura comparada. In: MORAES, Eliane Robert (Org.). Poesia erótica brasileira. 1. ed. Lisboa, PT: Tinta da China, 2017. p. 235.

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