Sob efeito da suspensão, por alguns dias, de suas regras menstruais, Sylvia pensou estar grávida e redigiu este poema com metáforas sobre o período de gestação de uma mulher, durante nove meses, vale dizer, as noves sílabas poéticas a que faz alusão logo no primeiro verso – ou mesmo à estância nona como um todo e, ainda, às nove letras da palavra “Metáforas”.
Percebe-se certo desconforto ou indiferença da falante com a sua condição de grávida, pois algumas das metáforas empregadas não indicam um sentido propriamente positivo à fase de gestação: tendo comido muitas maçãs, como Eva, haverá de dar à luz o rebento com lancinante dor, depois de tornar-se avolumada como uma “vaca prenhe”.
J.A.R. – H.C.
Sylvia Plath
(1932-1963)
Metaphors
I’m a riddle in nine syllables,
An elephant, a ponderous house,
A melon strolling on two tendrils.
O red fruit, ivory, fine timbers!
This loafs big with its yeasty rising.
Money’s new-minted in this fat purse.
I’m a means, a stage, a cow in calf.
I’ve eaten a bag of green apples,
Boarded the train there’s no getting off.
20 March 1959
Invídia de Vênus
(Heidi Taillefer: artista canadense)
Metáforas
Sou um enigma em nove sílabas,
Um elefante, uma morada maciça,
Um melão a passear sobre duas gavinhas.
Oh fruto carmim, marfim, finas vigas!
Este grande pão com sua levedura a subir.
Dinheiro recém-cunhado nesta bolsa basta.
Sou um meio, um estágio, uma vaca prenhe.
Já comi um saco de maçãs verdes,
A bordo do trem, não há como descer.
20 de março de 1959
Referência:
PLATH, Sylvia. Metaphors. In:
__________. The collected poems. Edited by Ted Hughes. 4th ed. New York,
NY: Harper & Row, 1981. p. 116.
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