Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 15 de julho de 2021

May Swenson - Pergunta

A poetisa põe-se a refletir sobre o que ocorrerá a si própria quando o corpo já não lhe corresponder aos usos a que se dispõe, ele que se define como uma casa – o equivalente a senso de segurança –, um cavalo – metáfora para mobilidade e vigor – ou um cão esperto, à frente da caça, a “farejar-lhe” os bons caminhos.

Na relevante parcialidade do corpo o ser se acha amparado: sem ele, note-se como Swenson assume que a alma ou o espírito planaria no “céu”, “sem teto nem porta”, imerso na mais completa imaterialidade. Pergunta-se então a falante: como se poderia experimentar favoravelmente tal estadia, se já não há a sensação do vento sobre os olhos, agora vazados; se vestida por um naco de nuvem, já não tem como esconder-se?!

J.A.R. – H.C.

 

May Swenson

(1913-1989)

 

Question

 

Body my house

my horse my hound

what will I do

when you are fallen

 

Where will I sleep

How will I ride

What will I hunt

 

Where can I go

without my mount

all eager and quick

How will I know

in thicket ahead

is danger or treasure

when Body my good

bright dog is dead

 

How will it be

to lie in the sky

without roof or door

and wind for an eye

 

With cloud for shift

how will I hide?

 

1954

 

Prova de Fogo

(Heidi Taillefer: artista canadense)

 

Pergunta

 

Corpo minha casa

meu cavalo meu cão de caça

o que farei

quando caíres

 

Onde vou dormir

Como irei cavalgar

O que haverei de caçar

 

Para onde posso ir

sem a minha montaria

toda ansiosa e lépida

Como saberei

se no bosque à frente

há perigo ou um tesouro

quando o Corpo meu bem

cão diligente estiver morto

 

Como será

deitar-se no céu

sem teto ou porta

e vento para qualquer dos olhos

 

Com nuvem por manto

como é que me vou esconder?

 

1954


Referência:

SWENSON, May. Question. In: LEHMAN, David (Choice & Edition). The Oxford Book of American Poetry. New York, NY: Oxford University Press, 2006. p. 599-600.

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