A poetisa põe-se a refletir sobre o que ocorrerá a si própria quando o corpo já não lhe corresponder aos usos a que se dispõe, ele que se define como uma casa – o equivalente a senso de segurança –, um cavalo – metáfora para mobilidade e vigor – ou um cão esperto, à frente da caça, a “farejar-lhe” os bons caminhos.
Na relevante parcialidade do corpo o ser se acha amparado: sem ele, note-se como Swenson assume que a alma ou o espírito planaria no “céu”, “sem teto nem porta”, imerso na mais completa imaterialidade. Pergunta-se então a falante: como se poderia experimentar favoravelmente tal estadia, se já não há a sensação do vento sobre os olhos, agora vazados; se vestida por um naco de nuvem, já não tem como esconder-se?!
J.A.R. – H.C.
May Swenson
(1913-1989)
Question
Body my house
my horse my hound
what will I do
when you are fallen
Where will I sleep
How will I ride
What will I hunt
Where can I go
without my mount
all eager and quick
How will I know
in thicket ahead
is danger or treasure
when Body my good
bright dog is dead
How will it be
to lie in the sky
without roof or door
and wind for an eye
With cloud for shift
how will I hide?
1954
Prova de Fogo
(Heidi Taillefer: artista canadense)
Pergunta
Corpo minha casa
meu cavalo meu cão de caça
o que farei
quando caíres
Onde vou dormir
Como irei cavalgar
O que haverei de caçar
Para onde posso ir
sem a minha montaria
toda ansiosa e lépida
Como saberei
se no bosque à frente
há perigo ou um tesouro
quando o Corpo meu bem
cão diligente estiver morto
Como será
deitar-se no céu
sem teto ou porta
e vento para qualquer dos olhos
Com nuvem por manto
como é que me vou esconder?
1954
Referência:
SWENSON, May. Question. In: LEHMAN,
David (Choice & Edition). The Oxford Book of American Poetry. New
York, NY: Oxford University Press, 2006. p. 599-600.
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