Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Murilo Mendes - Vermeer de Delft

Cada verso deste breve poema de Murilo rememora o visual de umas das célebres pinturas do mestre holandês, como “O copo de vinho”, “O geógrafo”, “Lição de música”, “Mulher de azul lendo uma carta” etc.: é a subsunção da pintura à arte poética, vale dizer, uma nobre forma de galardoar um prodígio que, com talento, gravou o seu nome na História da Arte.

Nunca é demais recordar que Vermeer (1632-1675), em conjunto com uma cintilante plêiade de denodados artistas, como Rembrandt (1606-1669), Van der Elst (1613-1670), Jan Lievens (1607-1674) e outros, tomaram parte naquilo que passou a se definir como a Idade de Ouro da Pintura Holandesa, a singularizar indelevelmente o cenário cultural do século XVII.

J.A.R. – H.C.

 

Murilo Mendes

(1901-1975)

 

Vermeer de Delft

 

É a manhã no copo:

Tempo de decifrar o mapa

Com seus amarelos e azuis

De abrir as cortinas (o sol frio nasce

Nos ladrilhos silenciosos),

De ler uma carta perturbadora

Que veio pela galera da China:

Até que a lição do cravo

Através dos seus cristais

Restitui a inocência.

 

Retrato do artista em seu estúdio

(Johannes Vermeer: pintor holandês)


Referência:

MENDES, Murilo. Vermeer de Delft. In: FIGUEIREDO, José Valle de (Compilador). Antologia da poesia brasileira. Lisboa, PT: Editorial Verbo, s/d [197?]. p. 155. (Livros RTP; ‘Biblioteca Básica Verbo’, nº 24)

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