Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

W. H. Davies - O Vilão

Num cenário que bem pode ser o de uma fazenda ao amanhecer, tendo um bosque às proximidades, o falante põe-se a observar a ledice dos fatos que ali ocorrem: um céu luminoso sob nuvens, os filhotes recém-nascidos de vacas e ovelhas a mamar, o canto dos pássaros a preencher o ar – tornando bucólica e encantadora a imagem assim traçada.

Mas, embora a natureza expresse muito do que seja belo, também pode nos surpreender com ocorrências cruéis: no exemplo do poema, vê-se o arraso que é provocado por um vento forte – o vilão, no caso − sobre um milharal contíguo – a vítima indefesa −, a arrastar as borlas dos pés para dentro de um bosque ao qual o milharal não pertence.

J.A.R. – H.C.

W. H. Davies

(1871-1940)

 

The Villain

 

While joy gave clouds the light of stars,

That beamed where’er they looked;

And calves and lambs had tottering knees,

Excited, while they sucked;

While every bird enjoyed his song,

Without one thought of harm or wrong −

I turned my head and saw the wind,

Not far from where I stood,

Dragging the corn by her golden hair,

Into a dark and lonely wood.

 

Campo de milho sob um céu aberto

(Jakub Zehle: pintor tcheco)

 

O Vilão

 

Enquanto a alegria dava às nuvens a luz das estrelas,

Que irradiava para onde quer que se olhasse;

E os bezerros e cordeiros tinham vacilantes os joelhos,

Excitados, enquanto mamavam;

Enquanto cada pássaro desfrutava de seu canto,

Sem pensar em nada de mal ou de errado –

Girei minha cabeça e surpreendi o vento,

Não muito longe de onde eu estava,

A arrastar o milharal pelas borlas douradas,

Ao longo de um bosque escuro e solitário.


Referência:

DAVIES, W. H. The villain. In: HEANEY, Seamus; HUGHES, Ted (Eds.). The rattle bag. 1st publ. London, EN: Faber and Faber, 1982. p. 449.

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