Num cenário que bem pode ser o de uma fazenda ao amanhecer, tendo um bosque às proximidades, o falante põe-se a observar a ledice dos fatos que ali ocorrem: um céu luminoso sob nuvens, os filhotes recém-nascidos de vacas e ovelhas a mamar, o canto dos pássaros a preencher o ar – tornando bucólica e encantadora a imagem assim traçada.
Mas, embora a natureza expresse muito do que seja belo, também pode nos surpreender com ocorrências cruéis: no exemplo do poema, vê-se o arraso que é provocado por um vento forte – o vilão, no caso − sobre um milharal contíguo – a vítima indefesa −, a arrastar as borlas dos pés para dentro de um bosque ao qual o milharal não pertence.
J.A.R. – H.C.
W. H. Davies
(1871-1940)
The Villain
While joy gave clouds the light of stars,
That beamed where’er they looked;
And calves and lambs had tottering knees,
Excited, while they sucked;
While every bird enjoyed his song,
Without one thought of harm or wrong −
I turned my head and saw the wind,
Not far from where I stood,
Dragging the corn by her golden hair,
Into a dark and lonely wood.
Campo de milho sob um céu aberto
(Jakub Zehle: pintor tcheco)
O Vilão
Enquanto a alegria dava às nuvens a luz das
estrelas,
Que irradiava para onde quer que se olhasse;
E os bezerros e cordeiros tinham vacilantes os joelhos,
Excitados, enquanto mamavam;
Enquanto cada pássaro desfrutava de seu canto,
Sem pensar em nada de mal ou de errado –
Girei minha cabeça e surpreendi o vento,
Não muito longe de onde eu estava,
A arrastar o milharal pelas borlas douradas,
Ao longo de um bosque escuro e solitário.
Referência:
DAVIES, W. H. The villain. In: HEANEY,
Seamus; HUGHES, Ted (Eds.). The rattle bag. 1st publ. London, EN: Faber
and Faber, 1982. p. 449.
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