Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Gustavo Teixeira - A Estrela dos Magos

Presente no rol de poemas de “Último Evangelho”, com poesias datadas de 1934 a 1937, este soneto alexandrino do poeta paulista é um dos muitos que, em tal obra, dizem respeito a cenas bíblicas descritas no Novo Testamento − no caso específico, daquilo que se descreve em Mateus 2:1-2: os magos vindos do oriente teriam se guiado por uma estrela para chegar até o local onde Jesus nascera.

A hermenêutica bíblica já declinou páginas e páginas sobre o evento em enfoque, muitas delas contraditórias entre si, algumas a asseverar a ocorrência de interpolações fantasiosas ou imprecisas nas narrativas dos evangelistas Mateus e Lucas. Seja como for, nada desprezível é a torrente caudalosa de obras de arte – sobretudo na literatura e na pintura − embasadas em tais relatos.

J.A.R. – H.C.

 

Gustavo de Paula Teixeira

(1881-1937)

 

A Estrela dos Magos

 

Certa manhã, no céu radioso do Levante,

Um ponto se ilumina: − Uma estrela aparece,

E, deslizando no ar, num sulco deslumbrante,

Trêmula e branca, fosforesce, fosforesce.

 

Mesmo ao clarão do sol mais vivo, a joia errante

Arde, tremeluzindo, alva como uma prece.

Como uma gota da água ao lado de um diamante

Vésper ao pé da irmã do Oriente empalidece.

 

Seja fúlgida aurora ou tarde nebulosa,

A estrela, cada vez mais linda e luminosa,

Caminha, no horizonte acesa noite e dia.

 

Real cortejo a segue em toda a trajetória.

Só se ofusca em Belém: declina a sua glória

Diante do olhar de mãe que volve ao céu Maria...

 

A Adoração dos Magos

(Hendrick ter Brugghen: pintor holandês)


Referência:

TEIXEIRA, Gustavo. A estrela dos magos. In: __________. Poesias completas. Prefácio de Cassiano Ricardo. São Paulo, SP: Anhambi, 1959. p. 457.

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