Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 20 de dezembro de 2020

Maria Ângela Alvim - Árvore de Natal

Sob a forma de um soneto, a poetisa mineira condensa em versos o que lhe vem à memória e ao espírito, quando contempla uma árvore de Natal, esse símbolo que, em associação à forma de pinheiro comumente empregada, serve para representar a palavra que perdura, mesmo diante dos “invernos” por que passam aqueles que se dedicam a montá-la.

Para os infantes, de todo modo, o que mais importa não são os adornos, os laços ou o fastígio que se acrescenta ao ponto mais alto da árvore, senão os brinquedos que rodeiam a sua base, fazendo com que vibrem “os cristais” em seus olhos, num mundo mágico, de fantasia, de imaginação, mil vezes estimulado pelos adultos, lançando mão de outros recursos − a exemplo da música e da própria poesia.

J.A.R. – H.C.

 

Maria Ângela Alvim

(1926-1959)

 

Árvore de Natal

 

A estrela em tuas grimpas vem. E a rosa,

súbito acaso, freme na ramada.

Desencanta! Por teu fruto esperada,

planta rara de quadra milagrosa.

 

Só tu reentenderás a morna glosa

daquela ave de estio eternizada.

Uma espiral, dos anjos leve escada,

e Deus, em tua raiz prodigiosa.

 

Outros sóis desorbitam da grandeza,

pelos cordões de luz rasgada ao dia,

os seus fogos luzindo em noite acesa.

 

A neve traz calor, enquanto os sinos

descem degraus de som na fantasia,

vibram cristais nos olhos dos meninos.

 

Manhã de Natal

(Henry Mosler: pintor alemão)


Referência:

ALVIM, Maria Ângela. Árvore de Natal. In: __________. Poemas. Rio de Janeiro, GB: Departamento de Imprensa Nacional, 1962. p. 89.

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