Não basta um homem, tampouco milhares deles para que um moribundo soldado volte prestimosamente à vida: são necessários, literalmente, todos os cidadãos sobre a terra, num apelo, para que tal intento se concretize, ou melhor, ele se levante e siga em frente, agora para lutar por ideais positivos − e não por convicções que resultem em conflitos sangrentos e inúteis.
Afinal, buscar legitimidade na decisão dos governos em promover a guerra nem sempre é uma justificativa insuspeita, com a pior das consequências: expor uma massa de soldados ao pior, servindo de “bucha de canhão” na frente de batalha. E ao final, nem sempre a conseguir os objetivos que poderiam ser obtidos com uma negociação mais ponderada com a parte adversa.
J.A.R. – H.C.
César Vallejo
(1892-1938)
Masa
Al fin de la batalla,
y muerto el combatiente, vino hacia él un hombre
y le dijo: “No mueras, te amo tanto!”
Pero el cadáver ¡ay! siguió muriendo.
Se le acercaron dos y repitiéronle:
“No nos dejes! ¡Valor! ¡Vuelve a la vida!”
Pero el cadáver ¡ay! siguió muriendo.
Acudieron a él veinte, cien, mil, quinientos mil,
clamando: “Tanto amor y no poder nada contra la
muerte!”
Pero el cadáver ¡ay! siguió muriendo.
Le rodearon millones de individuos,
con un ruego común: “¡Quédate hermano! "
Pero el cadáver ¡ay! siguió muriendo.
Entonces, todos los hombres de la tierra
le rodearon; les vio el cadáver triste, emocionado;
incorporóse lentamente,
abrazó al primer hombre; echóse a andar...
En: “España, aparta de mi este caliz”
(1937)
Um soldado morto
(Anônimo italiano)
Massa
Ao fim da batalha,
e morto o combatente, veio até ele um homem
e lhe disse: “Não morras, amo-te tanto!”
Mas o cadáver ai! continuou a morrer.
Dois se aproximaram dele e lhe repetiram:
“Não nos deixes! Coragem! Volta à vida!”
Mas o cadáver
ai! continuou a morrer.
Acudiram-lhe vinte, cem, mil, quinhentos mil,
clamando: “Tanto amor e não poder nada contra a
morte!”
Mas o cadáver ai! continuou a morrer.
Rodearam-no milhões de indivíduos,
com um pedido comum: “Sobrevive, irmão!”
Mas o cadáver, ai! continuou a morrer.
Então, todos os homens da terra
o rodearam: viu-os o cadáver triste, emocionado;
levantou-se lentamente,
abraçou o primeiro homem; e pôs-se a andar...
Em: “Espanha, afasta
de mim este cálice” (1937)
Referência:
VALLEJO, César. Masa. In: __________. Obra
poética completa. Edición, prólogo y cronologia por Enrique Ballón Aguirre.
Segunda reimpresión. Caracas, VE: Fundación Biblioteca Ayacucho, 2015. p. 211.
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