Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Wilson Pereira - O Gato

O poeta mineiro empreende um relato poético dos fatos naturais que envolvem o gato e o rato, apondo com propriedade alguns espaços mais distendidos entre as palavras, ora para denotar a distância física entre os dois personagens, ora para representar a proximidade factível ao salto do bichano, ora ainda para sublinhar o estado de pachorra ou letargia em que este vem a mergulhar, depois de haver devorado o roedor.

Eis a percepção aguçada da realidade e a conversão criativa dos fatos por meio da palavra registrada cartograficamente sobre a página. E o motivo, como no caso em comento, pode ser até o mais trivial possível – e quanto mais trivial mais difícil se torna capturar elementos capazes de relevar algo distinto de tudo o que já se viu. E assim se poderá saber quem, de fato, foi dadivado com um criativo espírito!

J.A.R. – H.C.

Wilson Pereira
(n. 1949)

O Gato

De olhos acesos
o gato persegue o rato
e calcula o salto

o gato                   o rato

cada um com seu ato

o gato com o g da gula
o rato apenas rói

o gato       o rato

o pulo do ex(-r)ato

o gato mastiga o rato
que já não o intriga
mas o integra

o gato agora
caminha lento
grato.

Gato e Rato
(Sophie McNally: ilustradora norte-americana)

Referência:

PEREIRA, Wilson. O gato. In: CAGIANO, Ronaldo (Org.). Poetas mineiros em Brasília. Introdução de Affonso Romano de Sant’Anna. Brasília, DF: Varanda, 2002. p. 185.
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