O poeta boliviano conta-nos uma hipotética
historinha que se passou com uma ave adjetivada como “revolucionária”, ao confrontar
o poder de um porco que, tal como na novela satírica “A Revolução dos Bichos” (“Animal
Farm”), de 1945, de George Orwell (1903-1950), tomou para si o poder sobre a
granja, impondo ali as regras de modo nada equânime.
Resultado: diante da afronta e da
tamanha petulância em dizer a verdade da espoliação a que estava ele próprio e
outros animais submetidos, o suíno não contou duas vezes em ordenar que o
pássaro fosse detonado. Qualquer semelhança com histórias reais acontecidas também
em Pindorama não terá sido mera coincidência!
J.A.R. – H.C.
Óscar Alfaro
(1921-1963)
El pájaro revolucionario
Ordena el cerdo
granjero:
– ¡Fusilen a todo
pájaro!
Y suelta por los
trigales su policía de gatos.
Al poco rato le traen
Un pajarillo aterrado
Que aún tiene dentro
del pico
Un grano que no ha
tragado.
– ¡Vas a morir por
ratero!...
– ¡Si soy pájaro
honrado,
De profesión
carpintero, que vivo de mi trabajo!
– ¿Y por qué robas mi
trigo?
– Lo cobro de mi salario.
Que Ud. se negó a
pagarme.
Y aún me debe muchos
granos.
Y lo mismo está
debiendo
A los sapos
hortelanos,
A mi compadre el
hornero
Y al minero
escarabajo
A las abejas obreras
¡Y a todos los que ha
estafado!
Usted hizo su riqueza
Robando a los proletarios…
– ¡Qué peligro!... ¡Un socialista!
¡A fusilarlo en el
acto!
¡Preparen!... ¡Apunten!...
¡Fuego!
¡Demonio… si hasta los
pájaros
En la América Latina
Se hacen
revolucionarios!...
De Todas as Cidades
do Sul Centenas
de Migrantes partiram
Rumo ao Norte
Painel 3 da Série “A
Migração”
(Jacob Lawrence:
pintor norte-americano)
O pássaro revolucionário
Ordena o suíno
fazendeiro:
− Fuzilem todos os
pássaros!
E solta pelos trigais
a sua polícia de gatos.
Daí a pouco lhe
trazem
Um passarinho
aterrorizado
Que ainda tem dentro
do bico
Um grão que não
engoliu.
− Vais morrer como um
gatuno!...
− Como, se sou um
pássaro honesto,
Carpinteiro de profissão,
que vivo de meu trabalho!
− E por que roubas
meu trigo?
− Ponho na conta de
meu salário
Que Tu te negaste a
me pagar.
E ainda me deves
muitos grãos.
E o mesmo estás
devendo
Aos sapos
horticultores,
A meu compadre o
joão-de-barro,
Ao escaravelho
mineiro,
Às abelhas operárias
E a todos que extorquiste!
Fizeste a tua riqueza
Roubando os
proletários!...
− Que perigo!... Um
socialista!
A ser fuzilado no
ato!
Preparem!...
Apontem!...
Fogo!
Demônio... se até os
pássaros
na América Latina
se tornam
revolucionários!...
Referência:
ALFARO, Óscar. El pájaro revolucionario.
In: LABRADOR, Elis; CHERICIÁN, David (Compiladores). Asalto al cielo: antologia poética. 2. ed. Caracas, VE: Fundación
Editorial El perro y la rana, 2010. Disponível neste endereço. Acesso em: 4
jun. 2020. p. 397.
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