A julgar pelo título do poema do jornalista, professor e poeta
paraibano, sendo nômade o que se deduz de seus versos – declaradamente, o falo
de um troglodita –, não há muita fidelidade – digamos assim – a um mesmo
domínio do sexo, haja vista que não o seu antônimo, sedentário e estável: hoje
numa tenda, amanhã em outra. Seja como for, é possível que o autor nem tenha tencionado levar o leitor a tão desavergonhadas conclusões (rs).
As palavras de que lança mão Castro Pinto são tais que não avançam para
além do meramente erótico, ou melhor, sem descambar para o pornográfico. E as
imagens remetem a um passado remoto, um pouco mais à frente daquelas cenas presumidas, embora nunca antropologicamente
comprovadas, de trogloditas em busca de sexo, arrastando suas fêmeas pelos
cabelos para satisfazer os seus mais carnais apelos.
J.A.R. – H.C.
(n. 1947)
Nômade
acha que atritas,
o meu falo queima.
somos trogloditas
descobrindo o fogo.
crescem labaredas.
sob a braguilha
armo uma tenda
com a minha glande.
e o meu falo nômade
rumo à tua tenda
levanta acampamento.
(Gerard van Honthorst:
pintor holandês)
Referência:
PINTO, Sérgio de Castro. Nômade. In:
GARCÍA, Xosé Lois. Antologia da poesia
brasileira / Antología de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago
de Compostela, Galiza, U.E.: Laiovento, 2001. p. 362.
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Grande Sérgio de Castro Pinto! tive o prazer de conhecê-lo e conversar com ele.
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