Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 16 de maio de 2020

Tasso da Silveira - Nitidez

Numa evocatória com matiz religioso, Tasso dispõe-se a fazer a apologia da natureza e, ao descrevê-la, afirma-a pela atribuição de toda a beleza ao Criador: colinas, barrancos, encostas, montanhas, árvores, céus – em síntese, tudo quanto existe exprimiria as prodigiosas e “lúcidas intenções divinas”.

Sob a ótica do poeta, há suficiente nitidez na percepção dessas perfeitas criações, razão pela qual, na metáfora que emprega, associa-as a “águas-marinhas diáfanas”. Tem-se então um “paisagismo” trasladado das palavras de um poema às impressões pictóricas de uma tela, ambas à busca de mimetizar um cenário que se compendia numa visão algo panteísta.

J.A.R. – H.C.

Tasso da Silveira
(1895-1968)

Nitidez

Sob o céu limpo
a paisagem é um claro lampejamento
de ágatas e cristais.

Pelo recorte límpido das colinas
escorre o sol.
Os barrancos próximos são de ouro velho
e as montanhas distantes são águas-marinhas diáfanas.
Todas as linhas se desenham nítidas,
infinitamente definidas:
Cada árvore é uma presença prodigiosa
e cada pedra
uma lanterna acesa.

Senhor, como a tua beleza é pura.
E como as coisas exprimem lucidamente
as tuas lúcidas intenções divinas...

Em: “O Canto Absoluto” (1940)

As Montanhas Rochosas
(Albert Bierstadt: pintor germano-americano)

Referência:

SILVEIRA, Tasso Azevedo da. Nitidez. In: PONTIERO, Giovanni (Notes and Introduction). An anthology of brazilian modernist poetry. 1st. ed. Oxford, EN: Pergamon Press, 1969. p. 131.

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