Este poema, inserto na seção “Escalas” do livro em referência, a
acompanhar outros tantos com títulos a fazerem menção a lugares famosos do
mundo – a exemplo de Bruges, na Bélgica, ou ainda Montmartre e Quartier Latin,
em Paris, França –, decerto baliza o roteiro de vida de um homem que se
dedicou, profissionalmente, à magistratura e à diplomacia, tendo falecido, por
sinal, na capital francesa.
Aqui, Couto tece loas à capital de Cuba, com o seu povo hospitaleiro e
trigueiro, as influências da colonização espanhola, os ritmos – que, como os
brasileiros, sofreram forte influência dos negros d’África –, tudo isso em meio
a um tropicalíssimo clima, com sol ardente e mormaço, razão suficiente para um
banho de mar em suas majestosas praias, ali onde “as ondas segredam: Castilla...”.
J.A.R. – H.C.
Ribeiro Couto
(1898-1963)
Havana
À sombra dos pátios
caiados de sol
Os grandes olhos das
moças trigueiras
Têm doçura crioula e
fulgor espanhol.
Doçura crioula,
doçura antilhana...
Um relento de rum
impregnando o mormaço
E requebros de conga
agitando as palmeiras.
Em nobres vivendas,
nas plantações
De fumo e de cana,
Vozes da África embalam
berços, ameigam canções.
Nas noites profundas
da ilha
Ressoa o canto da
América em todo o espaço.
Mas nas praias as
ondas segredam: Castilla...
Baía de Havana
(José María Velasco:
pintor mexicano)
Referência:
COUTO, Ribeiro. Havana. In: __________.
Longe: poesias. Lisboa, PT: Livros
do Brasil, 1961. p. 44.
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