Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 2 de maio de 2020

Ribeiro Couto - Havana

Este poema, inserto na seção “Escalas” do livro em referência, a acompanhar outros tantos com títulos a fazerem menção a lugares famosos do mundo – a exemplo de Bruges, na Bélgica, ou ainda Montmartre e Quartier Latin, em Paris, França –, decerto baliza o roteiro de vida de um homem que se dedicou, profissionalmente, à magistratura e à diplomacia, tendo falecido, por sinal, na capital francesa.

Aqui, Couto tece loas à capital de Cuba, com o seu povo hospitaleiro e trigueiro, as influências da colonização espanhola, os ritmos – que, como os brasileiros, sofreram forte influência dos negros d’África –, tudo isso em meio a um tropicalíssimo clima, com sol ardente e mormaço, razão suficiente para um banho de mar em suas majestosas praias, ali onde “as ondas segredam: Castilla...”.

J.A.R. – H.C.

Ribeiro Couto
(1898-1963)

Havana

À sombra dos pátios caiados de sol
Os grandes olhos das moças trigueiras
Têm doçura crioula e fulgor espanhol.

Doçura crioula, doçura antilhana...
Um relento de rum impregnando o mormaço
E requebros de conga agitando as palmeiras.

Em nobres vivendas, nas plantações
De fumo e de cana,
Vozes da África embalam berços, ameigam canções.

Nas noites profundas da ilha
Ressoa o canto da América em todo o espaço.
Mas nas praias as ondas segredam: Castilla...

Baía de Havana
(José María Velasco: pintor mexicano)

Referência:

COUTO, Ribeiro. Havana. In: __________. Longe: poesias. Lisboa, PT: Livros do Brasil, 1961. p. 44.

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