Decerto que o poeta italiano, no poema hoje postado, estivesse a
insinuar sobre o ocorrido em sua terra natal – a Itália – e em muitas outras
nações, envolvidas em conflitos bélicos de ordem mundial – uma vez que os
presenciou pessoalmente.
Mas tomo-o para fazê-lo valer como uma mensagem de esperança a todos os
que, em Pindorama, se veem ainda mais oprimidos pelas ações e palavras ignominiosas
do chefe maior (sic) desta “grande pátria desimportante”: um dia o que é digno
de se chamar “sublime” há de afastar todo o sucedido nefasto que pessoas
inescrupulosas hoje impingem ao povo mais carente deste país. Tenho dito!
J.A.R. – H.C.
Umberto Saba
(1883-1957)
Poesia
È come a un uomo
battuto dal vento,
accecato di neve – intorno
pinge
un inferno polare la città
–
l’aprirsi, lungo il
muro, di una porta.
Entra. Ritrova la
bontà non morta,
la dolcezza di un
caldo angolo. Un nome
posa dimenticato, un
bacio sopra
ilari volti che più
non vedeva
che oscuri in sogni
minacciosi.
Torna
egli alla strada,
anche la strada è un altra.
Il tempo al bello si
è rimesso, i ghiacci
spezzano mani
operose, il celeste
rispunta in cielo e
nel suo cuore. E pensa
che ogni estremo di
mali un bene annunci.
In: “Parole” (1933-1934)
O bar ainda está aberto!
(Karlien Hamel-Kuperus:
artista holandesa)
Poesia
É como a um homem fustigado
pelo vento,
cegado pela neve – à
volta um inferno polar
constringe a cidade –
o abrir-se de uma
porta ao longo do muro.
Entra. Encontra a bondade
não morta,
a doçura de um tépido
canto. Um nome
pousa, esquecido, um
beijo sobre
rostos hilários que mais
não via
senão obscuros em sonhos
ameaçadores.
Retorna
à rua, também a rua é
uma outra.
O tempo para o belo
ressurgiu, mãos
laboriosas rompem o
gelo, o etéreo
renova-se no céu e em
seu coração. E pensa
que o extremo de cada
mal um bem anuncia.
Em: “Palavras” (1933-1934)
Referência:
SABA, Umberto. Poesia. In: __________. Songbook: the selected poems of Umberto
Saba. Bilingual edition: italian x english. Translated by George Hochfield and
Leonard Nathan. Introduction, notes and commentary by George Hochfield. New
Haven, CT: Yale University Press, 2008. p. 408. (A Margellos world republic of
letters book)
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