O sexo, obviamente, é a mais poderosa manifestação de amor entre dois
seres humanos e uma das mais importantes razões – senão a principal – para a
continuidade de um relacionamento entre o homem e a mulher, dando forma ao
comando “não separe o homem o que Deus uniu” (Mateus 19:6).
Mas o que a poetisa afirma, ao final deste poema cheio de efeitos – muito
belo em suas metáforas –, é que, encerrado o ato sexual, Deus logo se volta a
desatar o nó que se cria entre os amantes, o que leva o leitor a deduzir que o
sexo não se mostra capaz de inaugurar uma força suficiente para manter o casal
unido ao fim de muitos anos de convívio. Muitos dirão que isso é inevitável...
J.A.R. – H.C.
Anne Sexton
When man enters woman
When man
enters woman,
like the surf biting
the shore,
again and again,
and the woman opens
her mouth in pleasure
and her teeth gleam
like the alphabet,
Logos appears milking
a star,
and the man
inside of woman
ties a knot
so that they will
never again be
separate
and the woman
climbs into a flower
and swallows its stem
and Logos appears
and unleashes their
rivers.
This man,
this woman
with their double
hunger,
have tried to reach
through
the curtain of God
and briefly they
have,
though God
in His perversity
unties the knot.
A dureza – e a suavidade – do sexo
(Ghadah Alkandari:
artista kuwaitiana)
Quando um homem penetra uma mulher
Quando um homem
penetra uma mulher,
como as ondas que,
insistentemente,
avançam sobre o
litoral,
e a mulher abre a
boca de prazer
e os seus dentes
brilham
como o alfabeto,
Logos aparece a
ordenhar uma estrela,
e o homem
dentro da mulher
ata um nó
para que eles
nunca mais se separem
e a mulher
escala uma flor,
traga o seu talo
e Logos aparece
dando livre curso a
seus rios.
Esse homem,
essa mulher
com a sua dupla fome,
tentaram transpor
a cortina de Deus
e brevemente o foram
capazes,
embora Deus
em Sua perversidade
logo desate o nó.
Referência:
SEXTON, Anne. When man enters woman.
In: __________. The complete poems. With
a foreword by Maxine Kumin. 1st. ed. Boston, MA: Houghton Mifflin Company, 1981.
p. 428.
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