O poema de hoje, certamente, exibe muito da sabedoria apreendida pela
poetisa quando em contato com as crianças, de como amá-las, colocá-las em
segurança, fazê-las crescer com confiança, para se tornarem adultos saudáveis e
positivos: nada se conquista com violência, mas com a complacência dos corações
dedicados à causa do bem comum.
Uma observação: Cornford, inicialmente, possuía sobrenome Darwin, pois
era neta do famoso naturalista inglês Charles Dawin, tendo sido criada e
educada em particular, sob uma extensa rede social de tias, tios e primos. Daí,
muito provavelmente, a sobredita sabedoria que externa no contato próximo com os
guris.
J.A.R. – H.C.
Frances Cornford
(1886-1960)
Ode on the Whole Duty of Parents
The spirits of
children are remote and wise,
They must go free
Like fishes in the
sea
Or starlings in the
skies,
Whilst you remain
The shore where
casually they come again.
But when there falls
the stalking shade of fear,
You must be suddenly
near,
You, the unstable,
must become a tree
In whose unending
heights of flowering green
Hangs every fruit
that grows, with silver bells;
Where
heart-distracting magic birds are seen
And all the things a
fairy-story tells;
Though still you
should possess
Roots that go deep in
ordinary earth,
And strong consoling
bark
To love and to
caress.
Last, when at dark
Safe on the pillow
lies an up-gazing head
And drinking holy
eyes
Are fixed on you,
When, from behind
them, questions come to birth
Insistently,
On all the things
that you have ever said
Of suns and snakes
and parallelograms and flies,
And whether these are
true,
Then for a while
you’ll need to be no more
That sheltering shore
Or legendary tree in
safety spread,
No, then you must put
on
The robes of Solomon,
Or simply be
Sir Isaac Newton
sitting on the bed.
A Virgem e o Menino
com São João e seus Pais
(Jacob Jordaens:
pintor flamengo)
Ode sobre o Inteiro Dever dos Pais
Os espíritos das
crianças são remotos e sábios,
Devem libertar-se
Como peixes no mar
Ou estorninhos no
céu,
Enquanto permaneces
Na orla onde eles
casualmente voltam a aparecer.
Mas quando se estampa
a sombra fantasmática do medo,
De repente deves
estar por perto,
Tu, o instável, deves
converter-te numa árvore,
Em cujas
intermináveis alturas de verde florescente
Pende cada fruta que
cresce, com sinos de prata;
Onde se veem pássaros
mágicos que distraem o coração
E todas as coisas que
se relatam num conto de fadas;
Conquanto ainda devas
possuir
Raízes que adentrem a terra comum,
E um forte córtex
consolador
Para amar e
acariciar.
Enfim, quando no
escuro,
A salvo sobre o
travesseiro, vê-se uma cabeça a olhar para cima
E os sagrados e
absorventes olhos
Em ti estão fixos,
Quando, ao encalço
delas, as perguntas vêm à luz
Com insistência,
Sobre todas as coisas
que disseste
Acerca de sóis,
serpentes, paralelogramos e moscas,
E sendo estas
verdadeiras,
Então por um tempo não
precisarás ser mais
Essa orla protetora
Ou a lendária árvore
a prover uma alargada segurança,
Não, então deves
vestir-te
Com as túnicas de
Salomão
Ou ser simplesmente
Sir Isaac Newton
sentado à cama.
Referência:
CORNFORD, Frances. Ode on the whole duty
of parents. In: KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good poems for hard times. New York,
NY: Penguin Books, 2006. p. 145-146.
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